sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Portugal e Espanha - De volta a Madri



Depois de quase três semanas rodando pela Espanha e Portugal, estávamos de volta a Madri.

Chegamos na parte da manhã, fizemos o check-in no hotel, devolvemos o carro e fomos pernear.

Queríamos visitar o Museu do Prado e tínhamos algumas compras para fazer. Mais que o suficiente para o tempo que ainda restava.

O Museu do Prado é imponente. No seu tamanho e na quantidade e qualidade das obras que expõe. Só tenho uma restrição à fazer: é muito, mas muito, mas MUITO quadro para ver. Ao contrário do Louvre ou do Museu Calouste Gulbenkian de Lisboa, o acervo do Prado é composto quase que exclusivamente de quadros. E aí, depois de 10800 quadros, começa a dar um embotamento mental.

Optamos por priorizar os artistas mais importantes e íamos curtindo os demais no meio do caminho. Goya, Rubens, Velázquez, Fra Angélico... Vimos obras belíssimas!

Maja Desnuda - Goya

Entre elas um maravilhoso Caravaggio emprestado do Museu do Vaticano, em homenagem à Jornada Mundial da Juventude!

El Descendimiento, Caravaggio

Muita gente fica visitando os andares superiores e se esquece de dar uma passadinha no subsolo do Prado. Lá você encontrará belas estátuas romanas e renascentistas e a fantástica coleção Tesoro del Delfín. Não, não é nenhum golfinho. O Delfín em questão era Luis, príncipe da monarquia francesa e filho do rei Luis XIV, que como rei era um grande colecionador de arte. Seu neto Felipe foi o primeiro rei espanhol da dinastia de Bourbon, sob o nome de Felipe V. Com a morte de Luis XIV, seu neto herdou parte de sua coleção de arte, que hoje está exposta no Museu do Prado.


Essa foi uma dica que recebemos de um paciente da Mary e que repassamos para você. Vale a pena visitar.

Do Prado fomos para o famoso magazine El Corte Inglés da Gran Vía. 

Como são nove andares de produtos dos mais diversos e ficamos zanzando por lá por um par de horas. Como era de se esperar, aproveitamos alguns descontos especiais para turistas e a possibilidade de receber o IVA (imposto de consumo da Espanha) para não saímos de lá com as mãos abanando.

Mas nossa cabeça já estava longe de Madri e da Espanha. Já estávamos em Paris, para onde decolaríamos no dia seguinte.

Tomadas, Torneiras e Descargas II – Tomadas para todos os gostos



Beleza!! Você acaba de pousar em Buenos Aires, feliz da vida por visitar a bela capital dos “hermanos”. Mas a bateria do seu celular precisa de ser carregada e... você tem uma bela surpresa: lá a tomada é de pino chato... mas ele nada tem a ver com o pino chato americano. Na Argentina, ao invés do pino estar na vertical, ele fica na diagonal. O que isso significa? Significa que se você levou qualquer plugue de tomada daqui do Brasil ou dos EUA, ele não vai funcionar sem um conversor cedido pelos “hermanos”!


Conversor! Taí uma palavrinha chave! Se você viaja com freqüência, com toda certeza irá carregar um montão deles na mala, porque a criatividade é tanta que cada país, para seu desespero, tem uma tomada diferente. No mundo inteiro existem cerca de dez modelos diferentes de tomada.


Ah, na Europa o pino é redondo como o novo padrão brasileiro. Isso significa que, na maioria das vezes você não precisará de um conversor, se o plugue do seu aparelho for de pino redondo. Para desespero geral, eles estão agora inventando uma tomada de pino redondo em que um pino é mais grosso que o outro... Parabéns, você adivinhou! O pino fino é a fase e o grosso é o neutro. O pior é que nesse caso o macete do “estupro” da tomada, para enfiar o plugue na base da força bruta, infelizmente aqui não funciona.

Mas aí você estaria pensando:

– Ainda bem que existe um padrão único de tomada para toda a Comunidade Européia!

Pois você está pra lá de enganado, meu caro. Você se esqueceu que do outro lado do Canal da Mancha tem aquele povo que resolveu inventar moda e dirigir carros pela contramão! Pois bem, com relação à energia elétrica eles igualmente inventaram moda e têm um padrão todo próprio que até fusível na tomada existe!!


Mas, o curioso mesmo ocorre na Índia, onde a tomada tem “três” pinos redondos (dê uma olhadinha na “simplicidade da tomada mostrada na foto abaixo).


Fase, neutro e terra? Nananinana! Um colega meu acaba de voltar de lá e me disse que se você enfia o plugue horizontalmente na tomada, você obterá 220V. Se o plugue for colocado na diagonal, a corrente será 110V. Como não havia qualquer aviso, ele enfiou um aparelho 110V numa tomada 220V e... pfizzzzzzz!!! Manja aquele tradicional cheirinho de “acabei de torrar meu aparelho”!!

Como já disse no post anterior, chocante!!

Taxi Driver IV - Lima e Washington



Tudo bem, você pegou um táxi e tem o endereço do destino à mão...

Endereço?! Mas para que endereço? Em muitas cidades dos países da América Central apenas as grandes avenidas têm endereço. Para o resto se usa referências físicas. Você quer ir à casa de um amigo e diz ao motorista do táxi:

– Miraflores 35. Cuarta a la izquierda. Volver a derecha en Panadería Gómez. Octava morada.

É mole?! O pior é que algumas vezes a Panadería Gómez já fechou tem três anos e ali agora é um bar. Mas ficou por tanto tempo por ali que virou referência para o local.

Se você está duvidando, entre no site do Booking.Com, coloque Managua (sem acento) e cheque os endereços dos hotéis.

Outra cidade complicada é Washington. Como não existe taxímetro, nem tente adivinhar o valor de uma corrida, pois nem os americanos têm essa ousadia. A capital americana é dividida em zonas (o que a torna, literalmente, uma zona!). Uma corrida dentro de uma mesma zona custa X dólares. Se incluir duas zonas custa Y. Três zonas outro tanto e por aí vai. Simples? Nananinanã, meu caro!
 


O problema é que apenas os taxistas sabem onde inicia uma zona e termina a outra. Além disso, se você está na fronteira de uma zona com outra pagará bem mais caro por uma corrida de dois quarteirões que ficar rodando por duas horas ao redor de um mesmo quarteirão! O pior é que o taxista sempre arruma um jeitinho de incluir uma zona a mais na sua corrida.

Nem ouse reclamar, pois 99% dos taxistas de Washington são de origem etíope... e pelo jeito que se ajudam, fazem parte da mesma família. Se criar confusão, em pouco tempo vai ter mais etíope ao seu redor que em Adis-Abeba. Como resto dos etíopes de Washington são porteiros de hotel, inevitavelmente o táxi que ele chamará será o de algum camaradinha amigo dele. Ah, ia me esquecendo, as instruções de um para o outro sempre são dadas em etíope! Você entende etíope? Não?! Nem eu! Captou a “sutileza” da situação?!

Pegar táxi em Lima é uma experiência folclórica, diferente de tudo o que você já passou no mundo dos táxis. Lá, qualquer motorista comum pode ser taxista e qualquer veículo pode ser táxi. Devido aos altos índices de desemprego em Lima, o governo de Fujimori desregulou a função de taxista criando um verdadeiro “liberou geral”!


Assim, basta o indivíduo comprar uma plaqueta TAXI em qualquer banca de jornal, colocá-la no para-brisas do seu carro e ele acaba de virar o mais novo taxista de Lima. A partir daí, a caminho do seu trabalho, basta ele atender os sinais dos possíveis clientes. Se o cliente quiser ir para um destino diferente do dele, é só pedir desculpas delicadamente, informar que infelizmente esse não é o caminho que ele está seguindo e sair de fininho! Como não existem taxímetros, o custo de cada corrida tem que ser devidamente acertado com o taxista, o que demanda algum tempo e tarimba negociadora por parte do cliente.

Pronto, aleluia, você finalmente conseguiu um táxi que ia para o mesmo lugar que você e conseguiu acertar o preço da corrida. Terminou sua sina? Nem um pouquinho, meu caro. Não se espante e nem reclame se o taxista parar no quarteirão seguinte e pegar mais um passageiro. Por lá os táxis são tipo lotação e você não tem qualquer exclusividade de ser o único cliente.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

EUA: Velho Oeste – Grand Canyon (out/2010)



Imagine-se flutuando a mais de 1100 metros acima do chão. Pois essa é a sensação que você experimenta ao passar pelo Grand Canyon Skywalk.

O Skywalk é uma baita ferradura em aço, com piso de vidro, que fica dependurada sobre o Grand Canyon! Mary morreu de medo de andar sobre aquela passarela de vidro como se estivesse flutuando no vazio. Para mim, confesso que no início deu medo, mas depois me acostumei!


A região é uma reserva dos índios Hualapai e a tribo cedeu sua construção e exploração turística ao empresário David Jim.

O acesso é normalmente feito através do Grand Canyon West Airport, na pequena cidade de Peach Springs. De lá até o Skywalk são 16km em estrada de terra que estavam sendo asfaltados quando visitamos.

O problema é para quem chega de carro. Aí, “my friend”, são mais de 90km em uma péssima estrada de terra, no meio do deserto! Achei muito pitoresco encontrar essas caixas de correio no meio do nada, perdidas no meio de um desertão brabo!!!


Por outro lado, é muito interessante ver as formações de Joshua Trees, árvore típica da região. O resto é “plantação” de pedras e mais pedras!


Além do Skywalk, a gente visita outros dois pontos do Grand Canyon dentro da reserva indígena. A foto abaixo foi no Grand Canyon Skywalk, em um lugar chamado Guano Point. Estava fotografando um corvo pousado na árvore e dei sorte dele ter voado para o lado certo.


E como estávamos numa reserva indígena, fizemos literalmente um “programa de índio”! Essas três senhoras Hualapai estavam dançando uma dança índia muito sem vergonha, daquelas para feitas para turista ver. A coisa estava muito morna e sem graça até que eu resolvi fotografar. Me aproximei e comecei a clicar bem de perto, pedindo a elas "a smile to Brazil"!


De lá fomos para o Grand Canyon National Park que é simplesmente indescritível. Só vendo para ter a dimensão da imensidão que é o Grand Canyon. Nenhuma foto pode descrever aquilo que os olhos vêem!! E os olhos não conseguem mensurar sua grandeza: mais de 440km de extensão (como ir de Brasília a Três Marias, MG ou ir de São Paulo ao Rio pela Dutra); tem até 29km de largura (mais que ir de Búzios a Arraial do Cabo); e tem 1800m de profundidade (algo como 2,5 vezes a altura do Morro do Corcovado, no Rio). Para construir essa beleza a natureza levou cerca de dois bilhões de anos! São números impressionantes, concorda?!

Fotografar o Grand Canyon é complicado. O melhor horário é ao amanhecer e durante o pôr de sol, quando as cores estão mais quentes e as sombras mais definidas. Ao meio dia o sol acaba com as sombras e com o belo colorido das rochas. Compare essas duas fotos.



Outro problema é conseguir passar a grandeza, a imensidão do Grand Canyon. Para isso resolvi emoldurar a paisagem do fundo com um plateau mais perto e uma planta em primeiro plano.


Aqui quis mostrar a pequenez de uma árvore perdida em um plateau no meio da vastidão do Grand Canyon.


Da mesma forma, achei gostei dessa árvore seca contrastando com o agreste e aridez do plano de fundo


Achei interessante a formatação dada pela diagonal das folhas da yucca, uma planta típica da região, convergindo para o miolo.

Tomadas, Torneiras e Descargas I – Um breve introdutório


Quem não curtir um certo humor escatológico pode pular esta série de posts. Por outro lado, quem já viajou pelo exterior e ficou olhando com cara de idiota para uma descarga tentando imaginar como é que se aperta esse troço, ou queimou o lombo por não saber como regular a torneira do chuveiro ou descobriu que os pinos do cabo de energia do equipamento que você mais precisava para aquele momento eram absolutamente incompatíveis com os buracos da tomada, sabe muito bem do que estou falando. E provavelmente estará rindo ao se lembrar das peripécias pelas quais já passou.

Não há nada onde a criatividade humana dê vôos mais espetaculares do que na invenção das mais diversas formas de tomadas, torneiras e descargas.

A multiplicidade de modelos é tão grande que fico me perguntando: será que se atrapalhar com coisas tão simples como meras tomadas, torneiras e descargas é coisa de matuto? Pode até ser, mas todo turista tem seu dia de capiau!!


Falando de energia, cheguei à conclusão de que a nossa tradicional e simpática tomada de dois pinos redondinhos está em vias de extinção e que, depois do advento da tal da “tomada padrão”, seu habitat natural nem mais se circunscreve ao Brasil. O pior é que agora, depois de anos acostumados com tomadas que também aceitavam os pinos chatos dos equipamentos americanos elas mais parecem árvores de Natal, de tanto conversor que está sendo usado.

A tal da “tomada padrão” significa que o problema foi resolvido por aqui? Nananinana!

Mesmo que você não seja loira (ou loiro), tenho certeza de que já tentou enfiar o plugue (conector) de energia de um aparelho importado e de pino chato e ele se recusou terminantemente a entrar na tomada. Você observa melhor e descobre que um dos malditos pinos é ligeiramente mais largo que o outro e sua tomada só prevê dois pinos chatos curtos de mesmo tamanho.


Aí, meu caro, o jeito é apelar para a força bruta e “estuprar” a pobre da tomada sem vaselina! Força daqui, força dali e a tomada joga a toalha e, literalmente, acaba aceitando o pino.

Em toda tomada de dois pinos, um deles representa a fase e o outro representa o neutro. Você não sabe o que é fase e neutro? Paciência, não vai ser aqui que vai aprender, mas eu juro que eles existem. Só para ajudar um pouquinho, fase é o lado da tomada que dá choque. O que a maioria não sabe é que esse pino mais curto é exatamente a fase e é mais curto para avisar aos incautos: não me toque que eu dou choque. Beleza?! Nem tanto, meu caro, pois essa regrinha é solenemente ignorada pelos nossos brilhantes eletricistas brasileiros, que instalam fase e neutro nas tomadas sem qualquer critério. Ou seja, se o seu equipamento é mais sensível que mulher com TPM e não aceita inversão de fase e neutro dentro da tomada, aposto um disco arranhado do hino do Madureira que a única tomada disponível será exatamente aquela que queimará o seu precioso equipamento. Tá legal que a mãe do eletricista é santa, mas será inevitável pensar nela com um profundo “respeito” no momento em que um cheirinho de queimado chegar ao seu nariz.

Pra complicar tem ainda a tomada de três pinos, onde o terceiro é o fio terra. Como, minha senhora? A senhora acha um absurdo jogar terra na tomada?! Não, esse “terra” não tem nada a ver com a terra dos seu vasinhos de flor! E nem as tomadas de dois pinos fazem parte do MST, o Movimento dos Sem “Terra”!!


Deu um nó no “tico e teco” e você ainda acha mais fácil falar sobre a “rebimboca da parafuseta”? Concordo plenamente, mas energia elétrica não deixa de ser algo um tanto chocante. 

Desculpe pelo trocadilho infame, mas não resisti!

Taxi Driver III – Caracas, Atenas e São Paulo

Veja também os posts “Taxi Driver I – Montevidéu e Rio” e "Taxi Driver II – Istambul".


Pegar táxi de rua em aeroporto de terceiro mundo é o caminho mais curto para você entrar numa furada da qual você nunca mais esquecerá. Numa reunião em Caracas fomos avisados de que em HIPÓTESE ALGUMA deveríamos contratar um táxi do lado de fora do Aeroporto Internacional de Maiquetía e nos indicaram duas ou três empresas confiáveis. Um membro da delegação alemã achou o preço caro e resolveu desafiar o perigo. Resultado: foi largado em um ermo subúrbio de Caracas com a roupa do corpo, sem bagagem, sem os dois mil dólares que trazia e sem o seu estimado relógio Rolex! Ficou feliz por estar vivo, pois podia ter sido pior!


Saber o valor médio de uma corrida também pode ser um bom instrumento para evitar ser engambelado por um taxista. Em Atenas busquei essa informação e soube que a corrida daria, em média, X Euros e que jamais passaria de Y Euros. Quem já esteve por lá sabe que o aeroporto fica muito, mas MUITO longe do centro da cidade e que o trânsito em Atenas está permanentemente congestionado, além de ser caótico. Enquanto eu e minha esposa íamos em um táxi, minha irmã e minha tia iam em outro. Avisei a elas dos valores e seguimos para o hotel. Rapidinho o táxi delas sumiu da nossa vista. Quando chegamos, pagamos exatamente o valor médio que nos havia sido informado no aeroporto. E minha irmã? Tolinha, pagou 50% a mais que o valor máximo que eu havia lhe informado e ainda foi deixada longe da portaria do hotel (lembra-se da técnica usada pelos taxistas turcos?) com um monte de malas ao redor.


Há cidades que só com mapa ou GPS o taxista acha o destino e a culpa não é dele. São Paulo é uma dessas cidades. Indicar apenas o nome da rua é insuficiente, pois existem pelo menos umas cinco com o mesmo nome em toda a cidade. Se você não sabe o nome do bairro e a rua é meio desconhecida, você e o taxista vão ficar rodando feito barata tonta. Aquele que disser que conhece todas as ruas de São Paulo que atire a primeira pedra! Não apenas ninguém vai atirar pedra alguma, como quem afirmar que conhece todas as ruas é um mentiroso deslavado!


Além dessa impossibilidade física e mental de conhecer todas as ruas, existem alguns agravantes em São Paulo que fazem uma corrida de táxi ser uma verdadeira aventura. 

O primeiro é que vira e mexe o sentido da rua é invertido, fazendo com que o percurso feito na semana passada não seja necessariamente o mesmo do de hoje. 

O segundo é o interminável engarrafamento, que começa a dois metros do local onde você pegou o táxi e só vai terminar no elevador do prédio de destino. Se choveu então, melhor levar dois grossos romances para ler, pois um apenas não será suficiente. Ah, um travesseiro às vezes ajuda! 

O terceiro é que o taxista paulistano na maioria das vezes é um imigrante recém chegado. Na primeira semana ele busca um lugar para morar; na segunda ele tira a carta (é assim que eles chamam a carteira de motorista por lá); na terceira ele conseguiu um bico com um colega e virou motorista de táxi; na quarta semana, para desespero seu, ele abre a porta do táxi para você entrar! Deu para sentir o drama?

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Portugal e Espanha - Toledo x “Tô Lerdo”!!

 

Chegamos a Toledo mais na base do “tô lerdo” do que qualquer outra coisa.

Nossa disposição para repetir a mesmisse estava a zero! Depois de termos visitado tantos museus, catedrais, igrejas, castelos e tantas outras coisas tão belas nessa viagem, estávamos estafados, buscando algo novo. Infelizmente não seria em Toledo que conseguiríamos isso! 

Toledo não era novidade nem para mim, nem para a Mary. Nós dois, em diferentes momentos de nossa vida, já havíamos estado na cidade.

Optamos então por passear, sem compromissos de visitar algo que já havíamos visitado no passado. Optamos por curtir Toledo!

E assim, saímos de mãos dadas, namorando pelas estreitas ruelas dessa linda cidade.

Puerta del Sol, ...

 
 ... Plaza Zodocover, Catedral Primada, ...


... Museo de El Greco, Sinagoga El Tránsito, Monasterio San Juan de los Reyes…


E foi nesse Monastério que surgiu o inesperado. As paredes externas do monastério são ornamentadas com correntes!!! Intrigante, MUITO intrigante!!! Cheguei a pensar que teriam sido usadas para dependurar pecadores na época da inquisição. Bárbaro? Certamente, mas para quem torturava e executava os infiéis na fogueira sem acusação comprovada, não seria nada estranho!

Perguntei a um guia de turismo, que nem de longe imaginava a razão das correntes estarem aí (são esses "tracinhos" pretos na parede que aparecem na foto abaixo). 


Procurei então no papelame de informações que eu carregava em mãos e, depois de muito buscar, encontrei uma informação fantástica em um antigo Guia Michelin de 1985.

O monastério foi construído em 1476 para comemorar a vitória sobre os portugueses em Toro. OK, tudo bem, mas até aí nada de extraordinário!

E as tais correntes? No finalzinho do texto tinha uma frase com a explicação que buscava! As correntes foram resgatadas de prisioneiros cristãos libertados de prisões muçulmanas da Andaluzia. Foram colocadas nas paredes do Monastério para lembrar, a todos, o sofrimento que passaram nas mãos dos “infiéis”!

É incrível como as pessoas olham para aqueles correntes com cara de "heimmm" e ninguém sabe o porquê delas estarem lá!

Mas curtir Toledo também significava desfrutar da sua culinária. Na noite anterior estivemos no restaurante Kumera para jantar. A culinária desse restaurante é deliciosa, mas...

... Mas é muito caro, as porções são mínimas e o mau humor e má vontade do garçom estragaram a noite.

Por outro lado, almoçamos no Alfileritos 24, que por uma “coincidência” fica na Calle Alfileritos, 24! Optamos pelo “menu del dia”, que custava 18 euros por pessoa e englobava entrada, prato principal e sobremesa, além de uma bebida. Foi uma fantástica experiência gastronômica e tudo esteve simplesmente perfeito!

Começamos com um Salteado de pasta con bacon y pesto e Ensalada de queso de cabra caramelizado, jamón ibérico y vinagreta de frambuesa. Ambas entradas estavam deliciosas e estão na foto abaixo! Sim, é claro que revezamos os pratos!!!


Como prato principal, pedimos Filetitos de ciervo (veado) con setas (cogumelos) salteadas e Entrecote (contra-filé) de ternera (vitela) con patatas a lo pobre (batata cozida cortada em lascas e salteada). Ummmm! Dá água na boca só de lembrar!

Já tínhamos jogado a toalha, mas ainda faltava a sobremesa! Optamos por Souflé de chocolate con helado (sorvete), uma versão espanhola do petiti gateau, e Mousse de yogut (sem r) con frutos rojos. Yammm, yammm, yammm!!!

Se você visitar Toledo, não se esqueça que almoçar no Alfileritos 24 (www.alfileritos24.com) é um programa imperdível!

Com a barriguinha batendo palmas de tão feliz, passamos a régua no passeio e voltamos ao hotel para uma merecida ciesta!

Taxi Driver II – Istambul

Veja também o post “Taxi Driver I – Montevidéu e Rio”.


Nada pior que a soma de um taxista desonesto com uma cidade estranha para você. Pior ainda se você estiver em um país cuja língua não tenha qualquer semelhança com aquilo que você conheça. Por exemplo, o turco.

Uçak yolculuğu, birçok açıdan dünyanın en konforlu yolculuk biçimi. Ancak, bu konforun düzenli ve sürekli olabilmesi için, dikkat edilmesi gerekli olan birtakım uyarılarımız var. İhtiyaçlar çeşit çeşit.

Deu pra entender? Não? Pois é, nem eu sei o que significa, pois peguei, aleatoriamente, esse parágrafo na Internet. Agora imagine você tentando dialogar com um taxista que só fala isso aí em cima!! Não dá, né!

Posso afirmar que de cada três corridas em Istambul, uma não terminava bem. Curiosamente, todos os taxistas que me enrolavam não falavam inglês. Ou melhor, diziam que não falavam, o que era mais cômodo para eles em caso de mal-entendido.


Em Istambul, se um taxista, ao invés de lhe deixar na porta do local que você pediu, estacionar a uns 20 metros dizendo que não dá para chegar lá, tenha certeza absoluta de que você acabou de ser engambelado. Eles fazem isso para evitar que o porteiro do hotel ou do restaurante perceba que ele lhe roubou no preço da corrida e crie confusão com ele.


Troco errado era outro golpe comum por lá. Na época em que visitei Istambul, a lira turca nada mais era que um montão de zeros precedidos por um número. Só para dar uma noção, um dólar valia dois milhões e meio de liras turcas, o que fazia da Turquia um país onde toda a população era de milionários!! A confusão com aquela montanha de zeros só não era menor que a quantidade de vezes que você entregava uma nota de 100 milhões de liras turcas e o taxista dizia que você tinha entregue uma de 10 milhões, sua irmã gêmea. E você não tinha como provar que ele estava errado, pois, como num passe de mágica, sua nota de 100 havia sido substituída por uma de 10.


Em países onde você não domina a língua, o melhor negócio é anotar em papéis o endereço e o telefone do local de destino... E o de origem, é claro, pois caso contrário você vai... mas não volta!

Nem tente falar o nome da rua, pois o resultado pode ser ainda pior. Duvida? Então tente dizer “104 Krkonošská Na hrobci Výtoñ” em checo para um taxista! 

Mais fácil dar um nó na língua!

Certos furtos V – Furtado dentro do hotel em Washington



Mas o furto no metrô de Paris não foi o único que sofri no exterior.

Estava hospedado no Lombardy Hotel, em plena área nobre de Washington e a apenas alguns quarteirões da Casa Branca. Apesar de não ser nenhum hotel padrão cinco estrelas, o Lombardy não é igualmente nenhuma espelunca. Afinal, hotel onde você paga uma diária de US$259 jamais poderá ser considerado espelunca. É considerado um hotel “simples” e “barato” para os padrões de Washington e fica relativamente perto do local das reuniões que participava.




Como eu tinha um valor relativamente alto em cheques de viagem, estava trocando-os por dinheiro vivo, na razão de uns duzentos dólares por dia. Já tinha trocado uns quinhentos dólares nos dias anteriores, quando abri a minha mala para colocar mais uns duzentos dólares. A mala, que estava sempre trancada, nesse dia estava fechada, mas sem a tranca. Abri e fui direto no dinheiro que lá estava guardado... e faltavam 150 dólares. Faltava uma nota de cinqüenta e outra de cem dólares. Sabia exatamente porque havia contado aquele dinheiro na noite anterior.


Chamei imediatamente a gerência e comuniquei o furto. O gerente foi extremamente prestativo, anotou todas as informações que lhe dei e prometeu apurar, pois os controles do hotel permitiam saber exatamente quais os empregados haviam entrado em meu apartamento desde a noite anterior.


Fiquei tranqüilo e animado com a sua determinação em resolver o meu problema... tolinho!! Passou um dia, passaram dois... no terceiro dia, como ele não dava o ar da graça de me retornar o resultado de sua apuração, resolvi ir procurá-lo. E qual não foi a minha surpresa quando ouvi ele dizer com a cara mais deslavada do mundo que ele havia chegado à conclusão de que eu NÃO HAVIA SIDO FURTADO!!

Pasmo com a afirmação do gerente, ainda tive que ouvir ele dizer que havia chamado cada empregado que havia entrado em meu quarto, que havia perguntado a cada um deles havia furtado algum dinheiro meu e que TODOS HAVIAM SIDO CATEGÓRICOS AO AFIRMAR QUE NÃO HAVIAM ME FURTADO!! Ou seja, o furto não havia ocorrido!! E se tivesse ocorrido, a responsabilidade era minha de não ter guardado o dinheiro no cofre do hotel.

Ainda ameacei chamar a polícia, mas ele nem deu pelota para o escândalo que eu fazia! Percebi que seria a minha palavra contra a dele e desisti.


Seria uma situação cômica, se não fosse trágica!

Jurei a mim mesmo nunca mais voltar e a gritar a todos os ventos que a honestidade passa longe do Hotel Lombardy, em Washington. Anote aí na sua agenda e NUNCA APAREÇA POR LÁ!

sábado, 17 de setembro de 2011

Portugal e Espanha - Pelos caminhos do Quixote!



A última segunda-feira de nossas férias chegou com a gente pedindo um barranco para encostar!

A estafa, física e mental, era tão grande que a gente não conseguia mais ouvir falar em catedral, igreja, castelo, plazas e similares. E se alguém convidasse a gente para subir um morrinho com mais de 10m de altura corria o sério risco de homicídio.

Também, depois de ter visitado La Alhambra, a Ciudad de las Artes y de las Ciencias e todo mais que vimos nessa viagem, você por acaso acha que alguma coisa conseguiria superar?

Foi com essa fantástica disposição, a mesmíssima disposição de uma ameba cansada, que fomos cumprir o nosso “compromisso” de visitar a parte mais antiga e tradicional de Valência.

Começamos pela Plaza del Ayuntamiento, coração da cidade e bem pertinho do nosso hotel.

Seguimos até o belíssimo Mercado Central, uma construção do ano de 1914, que combina o metal e vidro. No centro do edifício uma cúpula coroada por um catavento. Talvez por não ser Castelo, igreja, catedral, entre tantos outros etecéteras que já poluíam nossa já restrita capacidade mental, foi o prédio que mais gostamos de visitar.


Vizinha ao Mercado Central está a Lonja de Seda, edifício gótico construído entre 1482 e 1548. Mais adiante a Torre da Igreja de Santa Catalina.


Com tantas catedrais já visitadas, a Catedral de Valência nem fez cosquinha na gente. Por outro lado, Basílica de la Virgen de los Desamparados, com sua cúpula barroca e construída entre 1652 e 1666, nos pareceu bem mais bela.


Dali fomos até a Torre de Serranos cuja construção foi terminada em 1398. É um dos doze portões que guardavam as antigas muralhas da cidade de Valência.


Ainda íamos visitar as Torres de Quart, mas resolvemos passar a régua e pegar a estrada. Destino final desse dia era Toledo, mas seguiríamos a parte da rota percorrida por Don Quixote, na obra prima de Cervantes.

A primeira parada foi em Cuenca, quase na metade do caminho!

  
O monumento mais importante da cidade são as Casas Colgadas, uma série de habitações edificadas desde o século XV diretamente sobre um precipício, na foz do rio Huécar. Uma obra realmente impressionante!


Dali em diante seguimos a chamada Rota de Don Quixote. Nosso destino era a pequena cidade de Campo de Criptana, que no passado chegou a ter de trinta a quarenta moinhos, contra os quais lutou Don Quixote. 



Desses restam apenas dez, três dos quais são moinhos originais do século XVI. Ficam no alto do morro ao lado da pequena cidade. Duro mesmo é encontrar o caminho, no meio das pequenas ruelas, até o alto do morro.


No entanto, se Campo de Criptana é a cidade imortalizada por Cervantes, os antigos moinhos, tão representativos da região de La Mancha, podem ser encontrados por toda a região, no alto das colinas. Belmonte, cujo moinho aparece nas fotos abaixo, e Consuegra, são outros lugares de destaque.


Ver esses moinhos me fez voltar no tempo e lembrar as loucas estórias de Don Quixote lidas na juventude.


EUA: Velho Oeste – Tratados como bandidos! (out/2010)

Começamos por Las Vegas, que é simplesmente indescritível.

Muita luz, muita diversão e informalidade. Tem caça-níquel até em banheiro! Nos cassinos pode-se entrar desde bermuda com chinela havaiana até vestida de plumas e paetês!

Muita gente com quem converso torce o nariz quando se fala em Las Vegas por considerá-la uma cidade artificial... mas os olhos brilham quando se fala em Orlando!

Sim, Las Vegas é uma cidade artificial, plantada no meio do deserto. Mas é exatamente aí que está a sua graça. Se Orlando faz a cabeça dos jovens e crianças, Las Vegas é o grande parque de diversões de nós adultos.

Jogamos as malas no hotel e fomos para a rua conjugar o verbo pernear.


Como na grande maioria das cidades americanas, ter um carro é de fundamental importância. Não chegamos a usar o transporte público, mas a informação que temos é que ele é igualmente eficiente. Mas como rodaríamos por todo o Oeste Americano, já tínhamos alugado um carro. E aí entra uma vantagem de Las Vegas sobre todas as demais cidades. Estacionar não é problema. TODO hotel tem andares e mais andares de garagem e o estacionamento é GRATUITO!!

De noite assistimos ao show "O" do Cirque du Soleil, um dos OITO espetáculos da companhia em exibição na cidade. Mas “O” é único. “O” vem de “Eau”, água em francês. O espetáculo é todo baseado na água e o teatro foi montado exclusivamente para esse espetáculo. É o único espetáculo do Cirque du Soleil que você jamais verá fora de Las Vegas. É caro! MUITO CARO!!! Mas vale a pena! Valeu cada centavo dos mais de 200 dólares pagos por cada ingresso!!! Sinceramente, foi o melhor espetáculo que eu e a Mary vimos em nossa vida.


No dia seguinte partimos para a nossa viagem propriamente dita: Grand Canyon, com escalas no Hoover Dam e Grand Canyon Skywalk.

A Hoover Dam, represa construída na década de 30 para regular as cheias do rio Colorado e gerar água e energia para a região, formando o Lake Mead. Foi um grande feito da engenharia da época e é uma obra imponente.


A represa é o exemplo mais conhecido de barragem em arco, onde toda a pressão da água represada empurra a barragem de concreto sobre os dois lados do cânion onde ela está construída.


Tirei várias fotos da represa do lado de onde a água está represada.  Mas essa posição nem de longe mostra a imponência da obra. Faltava um local para uma foto decente. Queria uma foto do famoso arco formado pela represa.


Foi aí que tomamos o primeiro susto da viagem.  E foi um baita susto!!!

O único lugar adequado para tirar a foto que eu queria era no estacionamento dos empregados da represa. O problema estava no fato de que era um estacionamento proibido para todos aqueles que NÃO eram empregados da empresa.

Qual a solução? Resolvi pedir permissão para um empregado que saía do estacionamento para tirar uma foto. Permissão concedida, estacionei o carro, tirei a primeira foto e...


E antes que eu tirasse a segunda apareceram dois carros de polícia!!! Gente, foi uma PUTA tensão!!! Diálogo ou explicação? NEM PENSAR!!!

Podem imaginar a cena de eu e a Mary com as mãos apoiadas no carro de polícia e pernas abertas?! Toda a tentativa de explicar, o guarda simplesmente dizia para eu apenas responder às suas perguntas!

Depois de uns 20 minutos sendo tratados como bandidos, o terror amainou e o guarda "trocou" a multa pela "deleção" da foto tirada!

Saiu barato! Mary disse que nunca me viu tão pálido! O pior é que as pernas não paravam de tremer!!!