terça-feira, 25 de dezembro de 2012

México: Cañón del Sumidero


Imagine um cânion estreito, onde as paredes verticais podem chegar a mais de 1000m de altura. Acrescente a possibilidade de um belíssimo passeio de barco onde você verá não apenas a beleza da geologia do cânion, mas também animais como jacarés, iguanas, pelicanos e garças. Junte a tudo isso a maior hidroelétrica do país e o fato de ali ser o local de um massacre inscrito nos livros de história mexicana.
Entrada do Cañón del Sumidero
Pois esse lugar de beleza indescritível existe, se chama Cañón del Sumidero e fica no estado mexicano de Chiapas.

A história do lugar começa em 1527, durante a conquista do México. A expedição espanhola obrigou os indígenas chiapanecos a pagar impostos. Por se recusarem, foram atacados e, fugindo dos espanhóis, preferiram saltar dos penhascos a serem presos.

Em 1527 houve um massacre de índígenas chiapanecos

Apesar de sua beleza, o turismo na região era muito limitado até os anos 70, uma vez que o Rio Grijalva se transformava em corredeiras ao passar pelo cânion, impedindo a navegação.

Com a construção da represa de Chicoasén, a maior do México, as corredeiras foram submersas e o trecho do cânion se tornou navegável, incrementando o turismo! A usina de Chicoasén pode até ser pequena para os padrões brasileiros, mas é uma das mais altas hidroelétricas do mundo e sua construção marcou a engenharia mexicana.
Gerador em manutenção, na Usina Hidroelétrica de Chicoasén
Com todo o problema gerado pelos ataques dos guerrilheiros zapatistas na década de 90, impressiona o aparato de segurança. Ainda é forte a presença do exército na região, algo bem estranho para nós brasileiros. Mas como tínhamos os contatos certos, conseguimos entrar na usina e visitar os geradores e a casa de máquinas da hidroelétrica.
As paredes do cânion têm mais de 1000m de altura
O dia seguinte nosso passeio foi pelo cânion! Pegamos um barco em Chiapa de Corzo e percorremos os 13km do cânion. Algo indescritível! Verdadeiramente IMPRESSIONANTE!!!
A Árvore de Natal, linda formação rochosa
De todas as coisas que vimos, duas me impressionaram. A primeira, obviamente, são as altas paredes rochosas de mais de 1000m que ladeiam o rio Grijalva. A segunda é uma formação rochosa chamada de cachoeira “Árvore de Natal”.
Árvore de Natal vista de baixo
A beleza dessa cachoeira é simplesmente incrível!
 Os guias também mostram os animais da região: jacarés, iguanas, pelicanos, garças, macacos, águias... Somente olhos muito treinados para descobrir esses animais no meio da mata!
O "cocodrilo"
Iguana laranja
Não menos impressionante é ver o cânion por cima, de um dos cinco mirantes. Os mais belos são o La Coyota e o Atalaia. A visão do Atalaia é simplesmente de tirar o fôlego!

Em 1980 toda a região foi transformada em parque nacional e, obviamente, a entrada é paga, seja para os mirantes como no passeio de barco. E aí vai uma dica: se quiser economizar, faça o passeio de barco e a ida aos mirantes no mesmo dia. Se fizer em dias diferentes, como no nosso caso, vai ter que “morrer” em duas entradas.
A visão do mirador Atalaia
Seja como for, é um passeio imperdível. Um local indicado como uma das Novas 7 Maravilhas da Natureza! Vale a pena!!!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

México: Mezcal tem gosto de festa...


Se você já tem um pouco de quilometragem na vida, certamente vai lembrar de uma propaganda antiga do achocolatado Nescau: “Nescau tem gosto de festa, é gostoso e não faz mal...”!!!

Mezcal, bebida típica de Oaxaca
Pois é, aqui no México não tem Nescau, mas tem MEZCAL!!! Então leia de novo o título deste post com o ritmo da musiquinha da propaganda acima, mas com voz de bêbado!!!

É que depois de algumas talagadas de Mezcal, você está completamente “borracho”, pra lá de Marrakesh!!

Maguey, tipo de ágave usado para fazer o mezcal
Mas que diabos é o tal do mezcal?!! É a bebida típica de Oaxaca e prima irmã da tequila... só que beeeeem mais forte!!

O coração do maguey
Ambos são feitos do coração do agave. Enquanto a tequila usa o agave azul, o mezcal usa o maguey. A tequila tem um processo industrializado, enquanto o mezcal é feito em fábricas artesanais, bem parecidas com os nossos alambiques de cachaça.


O maguey depois de assado no forno à lenha
O maguey leva dez anos até dar o pendão da flor, indicando que está pronto para ser colhido. Aí, cortam-se as folhas e o miolo da planta é cozido por três dias em fornos à lenha feitos de pedra. É exatamente esse processo que dá ao mezcal um sabor e aroma meio defumado. É bem doce e parece com uma cana assada na brasa.

A moenda puxada a burro
A partir daí o maguey é levado para uma moenda hiper rudimentar, onde a mó é puxada por burros. Ele é moída por horas até virar bagaço, tal como o nosso bagaço da cana.

Bagaço de maguey já fermentado
Aí entra o processo da fermentação. O bagaço é deixado por até 8 dias em tonéis de madeira, junto com água, para fermentar.

O alambique
A fase seguinte é a da destilação, onde o bagaço é levado para um alambique à lenha. Ao contrário da tequila, que sofre dupla destilação, o mezcal passa uma única vez pelo alambique. Experimentei o mezcal ainda quentinho, recém saído da destilação. Uma delícia!!! Mas confesso que a nossa branquinha ainda é bem melhor!

O mezcal, recém destilado, saindo do alambique
Bem, meus caros, até aí tudo muito bom, tudo muito bem. É na hora do engarrafamento que a porca torce o rabo! Além do mezcal tradicional e do envelhecido, outros sabores podem ser adicionados para darem toques exóticos, como cravo, especiarias, frutas e o ...gusano!!!

O "famoso" gusano, prontinho pra ser comido... com limão e sal picante!
Gusano?! Bem, o gusano é a larva de uma borboleta e vive nas folhas espinhosas do maguey. E não é que os fabricantes colocam o tal do gusano dentro das garrafas do mezcal!!! Dizem que o mezcal com o guzano tem um sabor todo especial... e que quem toma o último gole da garrafa tem que comer o guzano que está no fundo!

O mezcal é vendido em diversos sabores... inclusive o de gusano!!!
Aaaaargh!! Só de pensar me dá embrulho no estômago!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

México: Día de Muertos





O México, ao contrário do Brasil, tem um grande percentual de indígenas na sua população. Cerca de 20% entre indígenas puros e mestiços. Além disso, com uma civilização avançada, a asteca, existindo aqui quando os espanhóis chegaram, é natural que a influência da cultura indígena seja muito forte no dia-a-dia dos mexicanos.

Altar público em homenagem a esta senhora
Para os indígenas não existiam as figuras de paraíso e inferno. Para eles existia o inframundo, onde habitavam as pessoas que morreram. Da mesma forma, a morte não era um evento de tristeza, mas algo que dava alegria pelo encontro daqueles que partiam com os seus antepassados. E quem partia, não deixava os que ficavam abandonados. Eles retornavam de tempos em tempos para partilhar momentos com seus entes queridos.

Túmulo na entrada do cemitério de Chiapa de Corzo



É óbvio que toda essa cultura se chocava com a crença católica e, assim como no Brasil, aqui também houve o sincretismo religioso, a adaptação das crenças locais ao catolicismo que então chegava.

Homenagem a três entes queridos
Assim, enquanto no dia 2 de novembro, o Dia dos Mortos, choramos os nossos mortos no Brasil, aqui no México é um dia de festa, de MUITA festa!!! É o dia em que todos se reencontram com os queridos que já se foram deste mundo.


Até crianças participam da grande festa do Dia dos Mortos
E como receber tão ilustres visitantes, que vêm de uma longa viagem? Com muita alegria, a alegria do reencontro. 
Os cemitérios ficam lotados durante as vigílias
É o momento em que eles são recebidos, com a música que gostavam, dança, com a comida que apreciavam, um copo de tequila, uma garrafa de cerveja ou uma taça de vinho e até mesmo um cigarro aceso! Isso tudo colocado em altares construídos nas próprias  casas ou nos cemitérios, junto de suas fotos, livros e muitas, muitas flores!

Músicos são contratados para tocar para os mortos
Aos que visitam seus entes queridos nos cemitérios, é toda uma noite de vigília junto à tumba, onde se reúne toda a família, desde os mais velhos até as crianças.
"La Catrina", figura onipresente na cultura mexicana
E é claro que essa vigília é acompanhada com muita música, comida, bebida e conversa, onde são contados causos daquele que partiu.

A "esposa" da Catrina
Gente, é uma festa lindíssima e repleta de emoção! Para nós brasileiros, chega a ser algo surreal!!!

Menina fantasiada de morto-vivo
Já tinha lido muito sobre a festa do Día de Muertos no México, mas o que vi superou a melhor das minhas expectativas. Algo que jamais esquecerei!!!

Flores para um ente querido

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Friendship Force: isso você não vê pela CVC


Quando Jimmy Carter ainda era governador do estado americano da Geórgia, fez uma viagem com sua comitiva à Brasília. Como o número de hotéis disponíveis na época era bem limitado e devido a alguma bobeira de sua assessoria ou por estar ocorrendo algum evento importante na cidade, todos os hotéis estavam lotados!
Recepção no aeroporto de Tuxtla, Chiapas, México
O que fazer para resolver o problema de hospedagem?! A solução veio de uma amiga brasileira de um dos assessores do Carter: telefonou para seu grupo de amigas e COMUNICOU (nem deu a opção de dizer não) que elas receberiam um ou dois membros da delegação de Carter. Assim, eles ficaram hospedados em casa de famílias brasilienses em sua estada em Brasília. Foi um sucesso!
Mary e nossa anfitriã, Carmen Benito, no jantar de boas-vindas em Tuxtla
E foi um sucesso tão grande que um dos assessores de Carter resolveu desenvolver a ideia quando o Carter chegou ao governo, criando o Friendship Force International, um grupo de clubes que visa o intercâmbio cultural entre diversos países, através da força da amizade!

Durante essas visitas de intercâmbio, os delegados do clube do país visitante (chamados de embaixadores) ficam hospedados por uma semana na residência de membros do clube anfitrião. O objetivo básico não é o turismo em si, mas o intercâmbio de culturas através da vivência do dia-a-dia do seu anfitrião. É por isso que um dos lemas do Friendship diz que “it is a question of faces, not places”! Ou seja, seus membros visam conhecer pessoas, mais que lugares.
"Embaixadores" do FFI Brasília no passeio pelo Cañon del Sumidero, México
A essa altura do campeonato, aposto que seus olhinhos estão brilhando pensando na possibilidade de economizar uns bons trocados com hotéis em viagens ao exterior. Bem, pode ir tirando o cavalinho da chuva! No final das contas pode até ficar mais caro que hospedar-se em um hotel. E mais, você não escolhe o seu anfitrião, que pode até ser um rico banqueiro... mas pode ser um pobre bancário!
Mary e Cármen Benito, em Tuxtla, México
Primeiro que você não necessariamente vai visitar aquele país ou local desejado. Por exemplo: você tá a fim de ir para o Havaí, Paris ou Sydney. Mas na hora de computar os desejos de todos os membros do seu clube, você foi voto vencido e acabou dando Rússia, México e Indonésia. Paciência, fazer o quê?! Bem, aí o seu clube encaminha as preferências à matriz do Friendship em Atlanta, que vai compatibilizar os pedidos do mundo inteiro. E aí, acaba pintando uma viagem ao México. Cancun? Nem pensar! O clube escolhido, no México, foi em Tuxtla, capital do estado de Chiapas.
Edu e Mary dançando na praça La Marimba, em plena quarta feira, em Tuxtla, México
Bem, o que fazer? Sentar no meio-fio e chorar? Que nada! Você vai curtir e curtir de montão! Tenha certeza de que será uma experiência única e que jamais irá conseguir em uma viagem pasteurizada tipo aquelas da CVC.
Mary e nosso anfitrião, Enrique Rubio, no almoço de boas-vindas em San Cristóbal, México
Você vai visitar lugares que estão completamente fora do circuito turístico, comer as coisas que o povo local come, conhecer costumes que nem imaginava existirem e, principalmente, conhecer pessoas incríveis que se tornarão seus amigos pelo resto da vida!

Mas, para que isso aconteça, você precisa fazer sua parte nas atividades do seu clube. Principalmente recebendo em sua casa e dedicando o seu tempo aos embaixadores dos clubes estrangeiros que visitarem o seu clube.
Nossos anfitriões, Enrique e Cármen Rubio, no almoço em Rancho Nuevo, Chiapas, México
Este ano recebi amigos do Chile e do Tenessee, EUA. Ano que vem receberemos visitas de clubes de Berlim,Alemanha, e do Oregon, EUA. Em Tuxtla, México, nos hospedamos na casa de uma pessoa maravilhosa, a Carmen Benito! E agora, aqui em San Cristóbal de las Casas, estamos desfrutando a amabilidade infinita de um casal, Cármen e Enrique Rubio. A vocês, nossos anfitriões mexicanos, o nosso MUITO OBRIGADO!
Edu recebendo o título de "Visitante de Honra" do prefeito de San Cristóbal, México
Se o que você busca é o turismo puro e simples, aqui não é o seu lugar! Mas se você busca conhecer o mundo através das mais diversas culturas e fazer amigos ao redor deste planeta, o Friendship é o lugar ideal!!

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

México: Chiapas


Depois de 19 horas entre voos e conexões em aeroportos, finalmente chegamos a Tuxtla-Gutiérrez, capital do estado mexicano de Chiapas. Chegamos literalmente moídos, mas chegamos!

Tuxtla vista do Cristo de Copoya
E surpreendeu encontrar um aeroporto moderno e confortável, apesar de pequeno. Assim como surpreendeu o enorme, moderno, amplo, funcional e confortável aeroporto da Cidade do México. Com toda sinceridade? Deu uma “saudade” danada da muvuca dos aeroportos brasileiros, tais como o de Guarulhos, Congonhas, Confins (do mundo!), o de Brasília... a nossa lista de “centros de torturas” é interminável, concorda?! A menos de dois anos para a Copa do Mundo, fica para mim, cada vez mais patente, um pessimismo muito grande e a certeza de que passaremos vergonha!

Artesanato local
Chiapas ficou famoso nos anos 90 pela luta do Comandante Marcos e seus guerrilheiros zapatistas. A revolta, que iniciou como uma luta pelos direitos dos indígenas da região e logo descambou para uma violenta luta armada, que hoje apenas faz parte do passado. O Comandante Marcos sumiu sem deixar rastros, os zapatistas foram dizimados e os indígenas... bem, digamos que a vida deles melhorou um pouquinho.

Mary e Cármen no Mercado Municipal de Tuxtla
Em um país onde se respira os tempos de colônia espanhola, Tuxtla destoa por ser mais contemporânea. Por aqui inexistem monumentos dos tempos coloniais. Tuxtla me surpreendeu pelo tamanho. Imaginava uma cidade bem menor, mas, com cerca de 1 milhão habitantes, concentra toda a economia da região, fortemente baseada na agricultura e criação de gado. Petróleo foi encontrado na região e começa a ser explorado.

Peça maia do Museu Antropológico de Tuxtla
Chiapas, assim como o estado vizinho de Quintana-Roo, têm uma grande concentração de ruínas maias, mas na região ao redor de Tuxtla as belezas são naturais. Na nossa programação estão as visitas ao Cañon del Sumidero e à Sima Las Cotorras. Hoje visitaremos a Hidroelétrica Chicoasén, a maior do México.

Todas as noites o povo da cidade dança no Parque La Marimba
Mas se os brasileiros normalmente visitam a Cidade do México, Cancun e Acapulco, como é que foi que paramos nos confins de Chiapas?! É que estamos numa visita de intercâmbio do Friendship Force International.

Friendship o quê?!!! Bem, isso é papo longo para outro post!

domingo, 4 de novembro de 2012

Panamá, conexão das Américas



Cá estamos nós no aeroporto de Tocumen, na Cidade do Panamá, aguardando o embarque para a Cidade do México.

É impressionante como um país pobre e atrasado consegue se reinventar. Depois de décadas de atraso, debaixo de ditaduras, o Panamá se encontra em franco e visível progresso econômico.

Amanhecer chegando ao Panamá
Sinceramente não sei se esse progresso está chegando às camadas menos favorecidas da população, mas a realidade é que há mais empregos e oportunidades para todos.

Desde 1999, quando o Canal do Panamá deixou de ser um protetorado americano e voltou para as mãos dos panamenhos, é visível que o país avança.

Pousando
Ponto de ligação entre o Atlântico e o Pacífico, o Canal do Panamá é a maior fonte de divisas para o país. Afinal, para uma empresa transportadora marítima, cujos custos operacionais envolvem milhões de dólares, mais vale pagar algumas centenas de milhares de dólares para cortar o caminho pelo Canal que fazer uma longa e dispendiosa volta pelo Cabo Horn, na ponta extrema da América do Sul.

E como cada centímetro vale dinheiro, os navios modernos são construídos para aproveitar 100% da capacidade do Canal. Ver a manobra de transposição das eclusas é algo que impressiona a qualquer um.

O amplo e confortável Aeroporto de Tocumen
Mas o Canal, construído no início do século XX, está no limite de sua capacidade. Assim, porque não ampliá-lo?!! E é o que o Panamá está fazendo, em uma obra de cifras pra lá de bilionárias.

O aeroporto de Tocumen, segue a mesma lógica. Como o Panamá está em um ponto central entre a América do Sul e os países ricos do norte, o aeroporto é um enoooorme ponto de conexão com dezenas de voos chegando e saindo. Uma loucura! Para um país pequeno como o Panamá, este aeroporto é quase um Guarulhos... só que mais civilizado e bem melhor estruturado e infinitamente mais confortável para os viajantes... o  que não é muito difícil, concorda?! E depois que os EUA criaram mil barreiras à entrada de estrangeiros, isso aqui virou a festa das empresas aéreas da região. Pode-se ir de qualquer capital das Américas e Caribe para qualquer ponto do mundo, sem precisar de visto de entrada para os EUA.

Free-shop é o que não falta!!
E com uma vantagem adicional: o aeroporto, assim como todo o resto do Panamá, é um enoooorme free-shop! O free é meio relativo, pois, se eles não cobram taxas, os preços são um pouco mais caros que os que você vai encontrar em Miami e Nova Iorque... mas antes de serem cobradas as taxas locais. Acaba ficando uma coisa pela outra e vale a pena ir às compras!

O problema fica na falta de oportunidades de equipamentos mais profissionais e produtos sofisticados. Mas no picado miudinho isso aqui é o paraíso do turista muambeiro.

Aeroporto de Tocumen - um grande ponto de conexão das Américas
Bem, vou ficando por aqui, pois estão chamando para o embarque!

Arriba México!!!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

EUA – Pensacola, Flórida

O segundo turno das eleições para prefeito estão chegando e dou Graças a Deus não precisar ter em quem votar. A política brasileira está dando embrulho no meu estômago, mas infelizmente ainda não inventaram sistema melhor que a democracia. E foram exatamente as eleições que me fizeram lembrar de Pensacola, cidade da Flórida. Por quê? Isso vocês vão descobrir mais adiante!

Pensacola é a última cidade da Flórida, no extremo oeste do estado, fronteira com Mississipi e Alabama. Morei lá por oito meses em 1967/68, em plena Guerra do Vietnã.
Mapa de Pensacola, Flórida
E o que fazia um jovem brasileiro de 15 anos por aquelas bandas, numa época em que o intercâmbio estudantil Brasil/EUA ainda dava os primeiros passos? Eu morava com o meu irmão, oficial da Marinha brasileira, que estava fazendo um curso de pilotagem de helicóptero na Base Aérea da Marinha americana.


Foi uma época maravilhosa para mim! Adorei o contato com uma cultura diferente da nossa, a visita a cidades como Miami, Nova Orleans, Washington e Nova Iorque, o estudo na Woodham High School, além do aprendizado e domínio da língua inglesa, que seria um diferencial que levaria para o resto de minha vida profissional, algo ainda incomum naquela época.
Meu boletim escolar
A Pensacola dos anos 60 acabou virando passado e restou apenas como belas lembranças em minha memória. Exatos trinta anos depois, em umas férias na Flórida, resolvi visitar Pensacola mais uma vez. Pouco restava daquelas lembranças dos meus quinze anos.
Museu Naval
Visitei a Base Aérea. Não havia mais aquela frenética movimentação típica dos tempos da Guerra do Vietnã, mas a base ainda é uma referência no treinamento dos pilotos da Marinha. Hoje a Base tem um museu com dezenas de aviões, onde um cinema IMAX (aquele de telonas gigantes com 23m de altura e 37m de largura!) mostra filmes como as incríveis manobras dos Blue Angels, a Esquadrilha da Fumaça da Marinha Americana.
Blue Angels
Visitei a praia de Perdido Bay, onde íamos com frequência. Suas areias são tão brancas que existem placas “no clay in Perdido Bay” (proibido barro em Perdido Bay), uma forma de manter imaculado o branco de uma das praias mais populares da famosa Red Neck Riviera. 
Perdido Bay
Os matutos da região são conhecidos pela alcunha de “red necks” (pescoço vermelho), devido o “bronzeamento” do pescoço, fruto de duro trabalho braçal! Mal sabiam que as brancas praias da região seriam atingidas, em 2010, pelo negro óleo vazado da maior tragédia ecológica do Golfo do México.

A "Redneck Riviera"!!!
A Kilbee Lane, rua onde morávamos, havia sumido do mapa! Mudou de nome e, depois de muito esforço, descobri que se chamava agora Airport Boulevard. Nossa casa ainda estava por lá, bem acabadinha por sinal.

Woodham High School
Voltei à Woodham High School, uma escola enorme, que ostentou com orgulho “Home of the Mighty Titans” nos muros da escola até fechar as portas em 2007!! Pode até ser que os Titans dos últimos anos metessem medo em alguém, mas, naquela época, os times de basquete e de futebol americano da escola eram o saco de pancada da região. De “poderosos titãs” só tínhamos o nome! Tomávamos cada sova de doer o lombo!
Os "poderosos" Titãs eram um baita saco de pancadas!
Foi nessa época que passei a gostar do futebol americano. Como existiam duas ligas, a NFL e a AFL, escolhi um time para torcer em cada liga. Na NFL escolhi os Green Bay Packers, por serem verde amarelos como a nossa bandeira. Na AFL optei pelos Oakland Raiders, por serem prata e preto, o mais próximo das cores do meu glorioso Botafogo.
Sports Ilustrated de 1968 com a chamada para o Super Bowl II
Sem querer acabei escolhendo exatamente os times que iriam para o II Super Bowl, em janeiro de 1968. Deu Packers, na época o mais vitorioso time dos EUA! Seria também o auge do time, que teria uma longa e sofrida descida de morro, que só mudaria 29 anos depois, com a conquista do XXXI Super Bowl. Foi sofrido, mas como botafoguense já estou até acostumado.
GO PACKERS!!!
Ah, ganhamos o Super Bowl novamente em 2011 e este ano tomamos um sapeca dos Giants bem antes da final!! Paciência! Não dá para ganhar sempre, né?!!

Mas, como dizia, Pensacola havia crescido, havia mudado MUITO e para melhor!!!

E um dos motivos para essa pujança econômica decorre do fato de NÃO TER PREFEITO! Ao contrário de TODAS as cidades brasileiras, Pensacola não tem um prefeito, que ao invés de administrar a cidade em prol dos seus cidadãos, prefere administrar visando seus interesses particulares, com todos os problemas que bem conhecemos em terras tupiniquins!
A Baía de Pensacola
Em Pensacola, os cidadãos elegem uma câmara de vereadores, que elabora uma licitação para contratação de um administrador profissional. Ele irá gerir a cidade como se fosse uma empresa, com metas e objetivos a serem atingidos, visando o “lucro” de todos os cidadãos. E se for mal sucedido seu destino será a demissão sumária, tal como em uma empresa, com seu CEO (presidente) sendo demitido pelos seus acionistas.

Fico imaginando se esse não seria um belo exemplo para importarmos, ao invés ficarmos nessa nossa luta inglória contra prefeitos corruptos e incompetentes.

Tolinho eu, concorda?!

PS: esse sistema de indicação de prefeito foi revogado em 2009, mas o atual prefeito eleito mantém as características anteriores e é um antigo executivo que trabalhou na AT&T e no Financial Times! Quanta diferença do nosso “querido” governador AgNULO”, concorda?!!