quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Venezuela: Aló, Presidente!

Com o Hugo Chávez de novo na mídia, por conta da recidiva do seu câncer, resolvi relatar um “causo” que vivi na Venezuela.

Foto recente que mostra o elevado uso de esteróides

Poderia até ser divertido se tivesse como protagonistas o pessoal CQC, do Pânico ou dos Melhores do Mundo... se não fosse verdadeiro o programa “Aló, Presidente!”, vexatório para qualquer venezuelano que tenha um mínimo de consciência do papel ridículo que seu presidente faz na televisão, a anos luz da dignidade e respeito que se espera de um presidente de qualquer republiqueta de bananas.

O programa "Aló Presidente"

O programa se chama “Aló, Presidente”, mas também poderia ser “Papo de Botequim” que daria no mesmo! Já estive umas cinco vezes em Caracas e, por duas vezes, tive o desprazer de assistir ao programa pela TV.

Em um deles, Hugo Chávez brandia um documento e dizia aos espectadores que havia prometido a todos que jamais voltaria a falar no nome do “bandido”, mas que teria que abrir uma exceção para ler o documento. O tal “bandido” a que ele se referia era Carlos Andrés Pérez, ex-presidente venezuelano que promoveu uma ampla e anti-popular reforma neo-liberal.

O matrimônio Chávez & Fidel será duradouro! Eles se merecem! Já o povo desses países...

Chávez lia o documento, espumando de raiva pela boca. E cada vez que o nome de Pérez era lido, Chávez batia com os dedos na madeira da mesa, como se estivesse pedindo proteção e “isolando” o azar por ter falado o nome do famigerado rival. Patético! Simplesmente patético!!!

Bela representação de Chávez

No outro programa, ele conseguiu se superar! Relatou um caso ocorrido na época em que era tenente do exército. Estavam acampados na mata e a entrega dos suprimentos atrasou. Então Chávez mandou um sargento à cidade mais próxima. Passados alguns dias, como o sargento não retornava, Chávez resolveu ir, ele mesmo, à cidade para ver o que acontecia. E rindo, como se estivesse bebendo cerveja em um bar, contou que encontrou o sargento na zona, transando com uma prostituta. E tome de kakakaka!!!

Charge de blog venezuelano

Agora me diga, dá para acreditar?!!!

O seu homônimo, o Chávez Chapolin mexicano, não conseguiria fazer melhor e estaria rubro de vergonha!

Chávez como Chapolín Colorado

Pode até ser que os mais ignorantes vibrem com estórias como essas e por ter um presidente “igual a eles”. Mas duvido que qualquer um que seja minimamente esclarecido e educado aceite uma postura dessas, daquele que é o mandatário de uma nação.

Mas isso é o de menos para um presidente que destruiu a economia venezuelana, país que apresentou a maior inflação do mundo em 2010, cerca de 30% ao ano! E tome estatização das empresas venezuelanas, cerceamento das liberdades democráticas, Legislativo e Judiciário oprimidos, censura comendo solta, repressão feroz de qualquer oposição... sem falar na irremediável divisão da sociedade venezuelana.

Chávez, você está fora!

Lembro do papo que tive com um motorista de táxi venezuelano, em Washington. Ele relatava que por terem posições radicalmente distintas quanto ao Chávez, ele e o irmão estavam brigados e não se falavam. Reunião de família? Nem pensar, uma vez que era só pintar o tema “Chávez” que o pau comia solto! Obviamente afirmou que isso ocorria com muita frequência em muitas famílias venezuelanas.

Manifestação da oposição venezuelana. Note a ausência do vermelho e a bandeira de cabeça para baixo!

Sinceramente?! A Venezuela e os venezuelanos merecem coisa melhor! Que não seja com a sua morte, mas quando Chávez se for, JÁ VAI TARDE!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Istambul - Entre o moderno e o antigo

Muitas das minhas viagens internacionais foram feitas quando eram possíveis e não por uma escolha minha e da Mary. A nossa viagem à Turquia e Grécia em 2002 é um desses exemplos. Como delegado brasileiro à Conferencia Mundial de Desenvolvimento das Telecomunicações (WTDC-02), realizada em Istambul, aproveitei para tirar umas merecidas férias depois de meses de pura ralação.

Istambul é uma cidade encantadora e cheia de contrastes! Certamente uma das viagens mais incríveis que já fiz! 
Istambul fica aqui!
Capital do antigo Império Romano, Constantinopla cobriu-se de riquezas por ser o centro de convergência de todas as rotas que uniam Europa e Ásia. Por diversos séculos foi um dos bastiões do cristianismo até ser conquistada pelos otomanos.

A partir de então, e até o fim da Primeira Guerra Mundial, foi a capital do poderoso Império Otomano. As marcas históricas estão presentes por toda parte: as muralhas da antiga cidade, as mesquitas muçulmanas, as ruínas romanas, os ricos palácios... tudo nos remete a um passado repleto de glória e de história.

A decadência do Império Otomano e sua derrota na Primeira Guerra Mundial foram molas mestras para o aparecimento da figura de Gamal Ataturk, líder da reconstrução turca, até hoje idolatrado por seu povo.
Gamal Ataturk, pai da Turquia moderna
Hoje, a Turquia vive numa encruzilhada política e econômica.

Do lado europeu, a Istambul histórica. Do lado asiático, a Istambul moderna, locomotiva econômica do resto da Turquia. Separando esses dois mundos, o Estreito de Bósforo, uma das mais movimentadas rotas marinhas do mundo, onde enormes cargueiros cruzam a todo instante.
Região do palácio Topkapi, com o Bósforo por detrás
País emergente e de predominância muçulmana, a Turquia precisa da União Européia para dar um passo adiante no seu crescimento como nação.
As tradicionais burcas muçulmanas
Por outro lado, o crescimento da participação política dos fundamentalistas muçulmanos radicais, assim como a pobreza da maior parte da população, ameaçam a sua entrada na Comunidade Européia, que é vista com sérias restrições, principalmente pelos seus vizinhos gregos, inimigos históricos.
Ponte do Galata e a parte antiga de Istambul
É esse cadinho, onde se misturam modernidade e tradições milenares, a tolerância religiosa e o fervor radical muçulmano, a Turquia fortemente europeizada e a Turquia das burcas negras, que faz de Istambul uma visita imperdível que dificilmente você irá esquecer.
O moderno convive com o que há de mais antigo e conservador
Até hoje fecho os olhos e me lembro do som que vinha dos minaretes das mesquitas ao por de sol, convidando os fiéis para a oração a Alá.
A belíssima Mesquita Azul ao por do sol
Compras? Se você ou sua esposa têm a mão frouxa e gostam de gastar, nem pensem em passar pelo Gran Bazaar... o rombo financeiro certamente será igualmente inesquecível!

Ah, e esteja preparado para conhecer uma gastronomia simplesmente maravilhosa!