terça-feira, 24 de novembro de 2015

México: Segurança acima de tudo



Veja também os demais posts da série “México”: “Día de Muertos”, “Chiapas”, “Mezcal tem gosto de festa...”, “Cañón del Sumidero”, “Dançando na Praça”, “O Cristo de Copoya”, "Um pouco de história I", "Ninho de Cobras" e "Isla Mujeres"

A estátua do Anjo da Independência na Cidade do México



Sempre que se viaja para países de terceiro mundo, fica a preocupação com relação à segurança. Ao irmos ao México não foi diferente.

No entanto, apesar de estarmos o tempo todo em contato com pessoas bem humildes, em momento algum nos sentimos ameaçados quanto à nossa segurança. Absolutamente nada do que sinto em cidades brasileiras como Rio, São Paulo ou Recife.

No Brasil, a gente ouve muito sobre os massacres provocados no México, pelos cartéis da droga. A coisa está realmente feia por lá, mas o problema, pelo que nos contaram, está limitado a certas áreas bem definidas. 



Hippies europeus em San Cristóbal de las Casas




Não vimos nenhum sinal de consumo de drogas pelas cidades que visitamos: Tuxtla, Oaxaca, Puebla, Cuernavaca e Taxco.

 Na Cidade do México vimos uso de maconha nas ruas de uma área nobre, mas nenhum sinal de algo similar a uma cracolândia. 

Em San Cristóbal de Las Casas vimos muito “bicho grilo” pelas ruas. Todos com cara de europeu consumidor de drogas, mas em momento algum presenciamos consumo.
Controle de estrada feito pelo exército mexicano

Por outro lado, não foram poucas as vezes que passamos ou paramos em postos de controle do Exército e da Polícia Federal no meio das estradas. 

Eles são fortemente armados e buscam limitar a entrada de armas e drogas vindas da Guatemala. Mais de uma vez nosso ônibus foi parado e entrou um militar para fazer uma vistoria.
 
Gente, jamais vi vistoria mais porca que essas! Entravam, davam uma olhadinha burocrática, agradeciam a nossa paciência e desciam. 

Armados até os dentes e despreparados para o real controle do tráfego de drogas

Como não viam ninguém portando uma metralhadora ou escopeta ou qualquer pacote identificado como “Droga Pura de Colômbia”, isso era sinal que não trazíamos armas ou drogas. 

Ninguém teve qualquer curiosidade de olhar o bagageiro e se lá tivesse uma bazuca ou duas toneladas de cocaína, elas teriam passado sem problemas!
 
Uma outra vez, o militar entrou e, assim que soube que éramos brasileiros, desceu! 
A Polícia Federal também está trabalhando no controle do tráfego de drogas


Ou seja, o pessoal do Comando Vermelho tem acesso livre e seguro ao mercado mexicano.

Mas não é apenas devido às drogas que o exército está presente no sul do México. 

Escaldados pelos problemas da guerrilha zapatista da década de 90, eles têm presença ostensiva em todas as cidades de Chiapas que passamos, principalmente perto da Hidroelétrica de Chicoasén. 

Murais como esse são comuns na região de Chiapas

Uma presença que nem sempre é bem-vinda, como demonstrou claramente um motorista que conheci.
 
Os zapatistas se foram, mas ainda têm muitos simpatizantes na região de Chiapas. Vimos muitos murais exaltando os zapatistas. 

Mais que isso, jantamos, em San Cristóbal, em um restaurante de uma cooperativa zapatista financiada por ONGs europeias. 

Nesse restaurante eles não servem Coca Cola, por ser um símbolo capitalista, mas aceitam cartões de crédito Visa e MasterCard. 
Não são poucos os simpatizantes dos zapatistas


Uma hilária contradição, concorda?

Depois de cantar uma série de músicas de protesto, o cantor do restaurante passou o chapéu pela plateia. 

Não aguentei e resolvi dar uma sacaneada. Puxei uma nota de 5 dólares e, quando ele chegou na nossa mesa, disse: “infelizmente só tenho dólares, mas como vocês não aceitam nenhum símbolo capitalista... sinto muitíssimo”! 
Bar zapatista em San Cristóbal



Precisavam ver a cara de bunda do cantor, sob risadaria geral do pessoal da mesa!
 
O problema indígena continua necessitando atenção do governo central. Pelo que soube, não é tão grave quanto em tempos passados, mas ainda é um fio desencapado pronto para dar curto!

A moda agora, entre os indígenas, são as invasões de terra. 

Invasões de terra são comuns em Chiapas




Estimulados pelas versões mexicanas do MST, eles invadem áreas urbanas e rurais... e não tem quem os faça sair das áreas públicas ou privadas invadidas, mesmo que exista ordem de despejo. 

Vimos muitas dessas áreas invadidas em Tuxtla e principalmente em San Cristóbal.



Belíssima fonte no Palácio Nacional, na Cidade do México







Batedor de carteira, assaltante? 

Rodei meio México com minha câmera a tiracolo e em momento algum senti qualquer sinal de perigo. 

Mas também não dei bobeira, é óbvio!

Toda essa paz que descrevi não quer dizer que o meu anjo da guarda não tenha feito um punhado de hora extra e terminado as férias estressado para me deixar bem tranquilão, concorda?!


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Bolívia – A Estrada da Morte



Veja também os outros posts da série "Bolívia": "Considerações pré-incaicas" e "Chacaltaya"


Quem planeja uma viagem à Bolívia certamente já ouviu falar na legendária Estrada da Morte (também conhecida como a Estrada de Coroico, Camino de las Yungas ou Estrada do Destino), tema de uma série sobre caminhoneiros em um canal pago creio que no History Channel.
Mapa de localização
Era um lugar que eu queria MUITO conhecer. Na minha viagem à Bolivia, em 2013, não ia deixar essa oportunidade passar.

O pacote foi oferecido ao grupo como uma descida de bike downhill. Como eu não tenho o costume de andar de bike, fui na van de apoio, tirando fotos. Valeu a pena cada centavo pago.
Downhill na nova Estrada de Coroico
A estrada original tinha cerca de 60 quilômetros, era de terra e ligava La Paz à pequena cidade de Coroico, na região de Yungas, na Amazônia boliviana. Foi construída na década de 30, durante a Guerra do Chaco, por prisioneiros de guerra paraguaios.
A Estrada da Morte
Imagine uma estrada de terra serpenteando montanhas escarpadas, com precipícios monumentais de mais de 500 metros e sem qualquer proteção de guard-rail. Como recheio deste bolo solado, adicione as tradicionais chuvas da região amazônica e a umidade típica das florestas, que trazem consigo, nuvens e forte neblina que bloqueiam a visibilidade. Cubra o bolo com o fato de que a maior parte da estrada cabe um único carro, com largura de pouco mais de 3 metros. Como a cereja que adorna, coloque a imprudência de motoristas que acham que nada, absolutamente NADA acontecerá com eles.
Perigo a cada curva
Ah, quase ia me esquecendo! Como toda estrada em região montanhosa, o motorista está sujeito a enfrentar as pedras que descem montanha abaixo. Algo trivial, concorda?!!

Pronto, você acabou de ter uma breve descrição do que é a Estrada da Morte.
Uma fina linha de terra serpenteando a montanha
Confesso que não consigo imaginar aquela estrada sendo usada como uma rota normal e com tráfego intenso. Algo realmente amedrontador!
Amedrontador, concorda?!!
Apesar de o trecho ser hoje coberto por uma moderna rodovia asfaltada, a legendária Estrada da Morte permanece aberta, sendo usada como atração turística, principalmente por praticantes de bike.
Neblina, uma presença constante
Em seus tempos dourados, todos os anos ela colhia a vida de 200 a 300 viajantes. Mesmo sendo usada hoje como ponto turístico, cerca de 20 ciclistas já morreram desde 1998.
Um dos muitos carros estatelados no fundo do vale
Cruzes marcando os muitos lugares das mortes são comuns em toda a estrada! E não foram poucos os destroços de veículos que vi estatelados no fundo do vale!
Cruzes são comuns ao longo da estrada
Lembro-me bem que, após um breve trecho de reta, o motorista da van me disse: “Aquela é a Curva do Italiano”!
Imagine dois caminhões se cruzando nesta precária e estreita estrada!!!
Por quê tem esse nome? O tal italiano vinha na sua bike descendo a estrada no maior cacete e tinha uma forte neblina na entrada da tal curva. Ele achou que a reta continuasse um pouco mais. Infelizmente não continuava e ele não teve tempo suficiente pra criar asas! Babau!!! Sua babacada virou nome de curva!!!
Perto do Paso La Cumbre
O downhill da tchurma começou na estrada nova a mais de 4600 metros de altitude, no Paso La Cumbre, e despencou 3400 metros até chegar em Coroico. Como se era de esperar, não foram poucos os tombos e um bom número de eróicos companheiros chegou ralado no hotel... mas com um baita sorriso no rosto!


terça-feira, 10 de novembro de 2015

EUA: Sexta Feira 13



Veja também os outros posts da série “EUA”: "11/9/2001 – Esse dia ninguém esquece!", "Pensacola, Flórida", "Paranóia 2 x 0 Sanidade Mental" e "EUA: Placas personalizadas!!!"


Este é o meu último post na terra do Tio Sam.  

Depois de dois maravilhosos anos morando em Miami, estamos levantando acampamento e voltando para casa. Problemas de saúde na família são hoje mais importantes que nossos projetos pessoais. Mas, sinceramente, voltamos com o coração partido.
Nascer do sol no Anglins Fishing Pier, Flórida
Durante esse período visitamos diversos países, rodamos por todo os EUA e estivemos no Brasil por três vezes (as fotos estão aí para vocês curtirem). A comparação entre o nosso eterno “país do futuro” e o que existe lá fora, os verdadeiros “países do presente”, mais desenvolvidos, mais liberais, mais civilizados, é inevitável e fica cada vez mais gritante a diferença.
Cadillac Ranch, Rota 66
Comparar, em termos de igualdade, o Brasil com uma Noruega ou até mesmo com os EUA, países ricos e com enormes recursos é difícil. É óbvio que a comparação nos é desfavorável. No entanto, mesmo onde a parte econômica e financeira não está em questão, continuamos tomando de goleada, até de países como o Chile. E é isso que machuca!
Tempestade no Everglades
O Muro de Berlim caiu há mais de 25 anos, mas parece que pouca gente no Brasil tomou conhecimento do fato. No mundo inteiro o socialismo é coisa do passado, exceto em países onde a prosperidade passa ao largo. Mesmo assim essas ideias anacrônicas ainda fazem a cabeça de uma imensa quantidade de brasileiros. Péssimo sinal!
Hoh Rainforest
Vou fazer o desafio a você: me cite UM ÚNICO país que tenha adotado um receituário socialista, como o que preconiza o nosso governo, e que tenha levado prosperidade e democracia ao seu povo. Pode procurar à vontade. Não vai encontrar!
Monument Valley
Você já parou para pensar por quê o Brasil, um país tão rico em recursos naturais, com um clima e topografia tão favoráveis, não consegue levar riqueza e prosperidade ao seu povo? 

Por causa das elites raivosas? Me poupe! A resposta não é simples e se encontra, ao meu ver, dentro de nossa cultura, dentro de tudo aquilo que está entranhado no povo brasileiro.
Taos Pueblo
Outro dia comentei com um amigo que, para brasileiro, viajar ao exterior faz mal à saúde. Por quê?!! Porque causa depressão!!!
New York skyline
Causa depressão, entre outras coisas, quando vemos o quanto a nossa mentalidade de que o governo existe para resolver os nossos problemas está calcada naquilo que de mais atrasado em termos de percepção de mundo.
Wormsloe Historic Site, Savannah
Todos querem viver às custas do Estado, mas esquecem que o Estado vive às custas de todos. A frase não é minha. É de Frédéric Bastiat, um economista liberal francês do século XIX. Mais de 150 anos depois de Bastiat ainda não aprendemos essa simples lição.
Antelope Canyon
Recursos não faltam ao nosso Brasil. No entanto, o Estado paquidérmico, arcaico e canceroso, a corrupção institucionalizada e desenfreada e o crônico mal uso dos recursos públicos faz com que o nosso país se encontre em avançado estágio de metástase. Triste, concorda?!!
Bryce Canyon
Temos índices de violência inaceitáveis, uma infraestrutura incompatível com a modernidade do mundo em que vivemos, uma educação pública de péssima qualidade, um saneamento básico que é precário até mesmo nas maiores cidades e um serviço saúde básica que revolta qualquer um que tenha a necessidade de usá-lo.
Glenfinnan Viaduct, Escócia
Tudo isso apesar de pagarmos impostos escorchantes, um dos mais altos do mundo. E qual a solução que o brasileiro vê para isso? Mais Estado! Só esquece que mais Estado significa mais impostos, mais corrupção, mais burocracia e mais ineficiência! Mais que um tiro no pé, no estágio que estamos, isso é um verdadeiro tiro na cabeça, um suicídio!!!
Rochedo no norte da Islândia
Como diz o Rodrigo Constantino, um economista liberal que admiro muito, o Brasil cansa! E como cansa!!!
As cores de outono em Vertmont
Vivemos em um dos países mais desiguais do mundo e ninguém, em sã consciência, pode apoiar a eterna permanência dessa brutal desigualdade. 

Muita gente acha que João é pobre porque o Zé é rico. Ver o mundo sob essa ótica é uma visão distorcida da realidade e, obviamente, vai levar a "soluções" que nada solucionam. Sabe por quê? Porque, se de um lado sobram exemplos de assistencialismo, corporativismo, protecionismo, paternalismo e intervencionismo, inexiste em nossa cultura uma coisa chamada MERITOCRACIA!
Aurora boreal na Noruega
Aqui em Miami, no edifício onde vivo, o salão de cabeleireiro pertence a uma brasileira que vive há mais de 20 anos nos EUA. Como fruto de seu trabalho, uma ralação das grandes, ela também é proprietária de uns três apartamentos em área nobre de Miami e de uma bela lancha. Você pode imaginar isso acontecendo no Brasil?
Mulher chinesa nos canais de Suzhou
Enquanto hostilizamos o sucesso individual, tratamos o lucro como pecado, achamos que todo patrão é um explorador e adoramos a vitimização de pobres, de minorias e até mesmo de bandidos, por aqui a mentalidade é outra.
Tempestade sobre o Grand Canyon
Os Estados Unidos são a potência que são graças ao livre mercado, ao empreendedorismo, ao respeito ao individualismo, à busca constante do lucro e da eficiência e, acima de tudo, ao respeito ao império das leis, sem “malandragem” ou “jeitinho”. Por aqui os americanos não olham para o governo como solução para tudo, mas muitas vezes como um problema.
Graffiti no Winwood Art District, Miami
O melhor programa econômico de governo é não atrapalhar aqueles que produzem, investem, poupam, empregam, trabalham e consomem. Por mais que você possa ver essas palavras na boca de um americano, saiba que ela foi dita pelo nosso Barão de Mauá.
Marshall Point Lighthouse, Maine
Sim, esse texto é um desabafo!

Ao contrário do que deveria, não estou feliz por voltar ao nosso "paraíso" tupiniquim. É claro que a proximidade da família e dos amigos me alegra, mas todo o resto que me espera me deixa tenso e previamente estressado.
South Beach, Miami
Voltaremos numa data bem significativa: uma sexta feira treze! Peço apenas que não seja um mal prenúncio!
Rastros de estrelas, Islândia
PS: você leu o texto ou só curtiu as fotos tiradas durante esses dois maravilhosos anos! KKKKK Sinceramente? Gostaria saber o que VOCÊ pensa sobre o que falei!