Quem já esteve em Roma sabe que existe uma lenda que diz que quem joga uma moeda na Fontana di Trevi, retorna a Roma. Sei não! Tenho minhas dúvidas!!
Estive lá em 1986 com minha ex-esposa, joguei a minha moeda e até agora neca!! De lá para cá já passou um oceano debaixo da ponte. Descasei, casei de novo, voltei à Europa um buzilhão de vezes, até retornei à Itália... mas, Roma que é bom, neca!!
Fiz a minha parte e espero que eu ainda esteja lá na fila dos eleitos a retornarem a Roma, mas acho que os deuses da Fontana de Trevi se esqueceram de mim. Pode ser que a máfia italiana tenha corrompido os auxiliares dos deuses, que podem estar aceitando umas moedinhas por fora, porque tem muita gente furando fila.
Outra possibilidade é que, com a adoção do Euro, os deuses da Fontana di Trevi, agora imbuídos do espírito burocrata de Bruxelas, tenham resolvido que a desvalorizada moedinha de lira italiana perdeu o valor e riscaram o meu nome da lista! Se for por isso, quero a minha moedinha de volta! O pior é que não tenho pra quem apelar, pois a embaixada italiana diz que o problema não é com ela.
Outra possibilidade é que, com a adoção do Euro, os deuses da Fontana di Trevi, agora imbuídos do espírito burocrata de Bruxelas, tenham resolvido que a desvalorizada moedinha de lira italiana perdeu o valor e riscaram o meu nome da lista! Se for por isso, quero a minha moedinha de volta! O pior é que não tenho pra quem apelar, pois a embaixada italiana diz que o problema não é com ela.
Bem mais ao sul de Roma, em pleno continente africano, me deparei com outra lenda semelhante. Dizem que quem toma a água do Bengo retorna à Luanda, capital de Angola.
Bengo? Bengo é um rio que corta Luanda, uma cidade que, de tão linda, já foi chamada de “A Pérola Negra da África”. Infelizmente, por conta do inchaço urbano decorrente da prolongada guerra civil, Luanda se transformou em um caos. Hoje, quase um terço da população de Angola vive em Luanda. Imagine uma cidade que teve sua população decuplicada com refugiados da guerra civil... sem que houvesse qualquer investimento em infra-estrutura.
Agora, feche os olhos e imagine o Tietê! Pois bem, perto do Bengo as águas do Tietê são de uma cristalina pureza!!
Por força do meu trabalho, virava e mexia estava pousando em destinos bastante exóticos, bem distantes do chamado “circuito Elizabeth Arden”: Paris, Londres e Nova Iorque. Há lugares onde fui que o nosso anjo da guarda ganha adicional de insalubridade e de periculosidade pelo trabalho extra, mas nem por isso me comportava como turista americano, daqueles que escova os dentes com água mineral importada para não botar a imaculada boquinha naquela água que jorra da torneira local.
Mas vamos voltar para nossa lenda tropical, que fala que quem toma a água do Bengo retorna à Luanda.
Gente, quem já viu a cara do Bengo, não tomaria, nem amarrado, um copo d’água vindo daquilo que, algumas décadas atrás, podia até parecer com algo que comumente chamamos de rio.
Sinceramente não sei como foi que aconteceu, mas se a lenda estiver certa, tenho que reconhecer que tomei água do Bengo... e não foi pouca, pois já retornei a Luanda, não uma, mas duas vezes!!
Meu primeiro contato com Luanda foi em fevereiro de 2000. A segunda guerra civil tinha recém terminado, mas os guerrilheiros da Unita ainda estavam muito ativos e dominavam boa parte do território angolano. Você abria jornal brasileiro ou estrangeiro e tudo o que se lia sobre Angola era a respeito de ataques guerrilheiros, minas explodindo dilacerando civis inocentes e... pobreza, mas muita pobreza mesmo!
Como sempre faço quando vou pela primeira vez a um lugar, fui pesquisar sobre Angola na Internet. Antes não tivesse feito, pois saí bem mais apavorado do que antes da pesquisa. A sensação que tinha era a de que ia pisar numa mina assim que tocasse o solo angolano e voltaria pra casa num saco preto com uma etiqueta de identificação no dedão do pé! Isso se encontrassem o pé, é claro.
Não era bem medo o que eu tinha. Era algo mais próximo do pavor absoluto. Mas como peru é que morre de véspera e não sou de fugir de desafios, resolvi encarar a viagem. Se era pelo bem da pátria eu ia, mas ia com um belo seguro de vida! Podia até morrer, mas minha família estaria amparada. O tal do seguro que fiz tinha uma cobertura tão alta, que os amigos de trabalho começaram a me gozar:
– Edu, se você não morrer em Angola, morre na volta! A Mary é que não vai deixar escapar a chance de por a mão nessa bolada toda!
Como “seguro morreu de velho”, não comentei nada a respeito com ela. Apenas deixei a informação dentro de um envelope lacrado que dizia: “abrir em caso de morte”!!
E uma vez que sobrevivi, confesso que a viagem a Angola foi uma grata surpresa, que vou relatar nos próximos posts.
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