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Um passeio pela feira de Roque Santeiro (qualquer semelhança com a novela de Dias Gomes não é mera coincidência), nos arredores de Luanda, é algo inesquecível. É uma enorme feira aberta onde se vende de tudo.
Vista aérea da feira de Roque Santeiro |
Meu foco foi obviamente o artesanato local, que é muito bem elaborado. Tecidos com padronagem típica africana, animais talhados em malaquita, pulseiras trançadas com pelo de elefante, lindas peças em ébano, estatuetas em marfim...
A caminho de Roque Santeiro |
Epa! Você disse estatuetas em MARFIM?! Não só estatuetas, mas braceletes, colares, pulseiras, anéis, brincos... a variedade é enorme!!
A Feira de Roque Santeiro |
Mas o comércio do marfim não está PROIBIDO? Está! E é uma grande hipocrisia, pois esqueceram de avisar aos artesãos locais que vendem livremente as mais lindas e delicadas peças em marfim que as mãos de um artista podem talhar.
Se vende de tudo em Roque Santeiro! |
Comprar é livre, mas sair com uma peça dessas do país é terminantemente proibido. Como vocês sabem que sou politicamente correto e jamais faria algo que é proibido, resisti à tentação... acredite quem quiser (se necessário, aperte a tecla SAP para acessar o sorriso de ironia)!
O comércio de peças em marfim é livre! |
Como? Você está perguntando se passear por Roque Santeiro é seguro? Bem, eu estava acompanhado por um angolano, mas o branquelo aqui se sentiu como se fosse uma nota de cem dólares com duas pernas. Por onde ia, era seguido por uma multidão de meninos, pedintes e vendedores das tendas anteriores que baixavam os preços assim que eu me dirigia à tenda seguinte!
Aliás, pechinchar é o esporte predileto em Roque Santeiro, assim como na maioria das feiras populares em todo o mundo. Mas não pense que fez um belo negócio em comprar por 20 dólares uma estatueta em ébano cujo preço começou a ser negociado por 80. Você jamais conseguirá passar a perna em um negociante angolano. Ou o preço real é menos de 10 dólares ou a peça não é de ébano!
Uma estatueta em marfim como essa não sai por menos de US$ 200 |
A sensação de que está sendo engambelado durante uma negociação é onipresente em todas elas. Você chega como não quer nada e o negociante oferece uma peça lindíssima com um preço lá na estratosfera. É caro, mas nada que seu bolso não possa digerir. Você torce o nariz, pega outra peça menor... e o preço baixa. Você finge que não ouve e faz que vai para a tenda seguinte. O cara te puxa de volta e baixa ainda mais. Você oferece uma ninharia. Ele te xinga no dialeto local. É claro que você não entende patavinas do que ele falou, mas tem certeza absoluta de que sua mãezinha acabou de ser homenageada!! Ele baixa ainda mais o preço e diz que por menos que isso não pode fazer, que tem doze filhos passando fome, que sua avó é mutilada de guerra, que está desempregado, que...
Vendedoras de roupa |
Bem, a peça é linda, você conseguiu um belo desconto em relação ao preço original e, pela primeira vez, você esboça uma titubeada. Pronto, você acabou de ser derrotado! Dali em diante é colocar a mão no bolso e o dinheiro na mão dele, que se vangloria sorridente com os demais colegas, em um dialeto ininteligível. E todos riem... de você, é claro!! No fundo, no fundo você também ri, deles, pois pagaria de bom grado mais que o dobro por aquela preciosidade.
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