Veja também o post "Angola - A água do Bengo".
É claro que foi triste ver os lindos traços coloniais de muitos edifícios numa cidade com uma infra-estrutura urbana completamente degradada.
Foi triste ver a pobreza de um povo sofrido e cansado de uma disputa política que arrastou o país a uma das mais longas e sanguinárias guerras civis de todo o mundo, alimentada de um lado pelos diamantes (os tão famigerados “diamantes de sangue”) e, do outro, pelo petróleo. Foi triste ver as marcas da guerra estampada nos prédios com buracos de metralhadora ponto 50 e carros crivados de bala. Foi triste ver uma multidão de mutilados, na grande maioria inocentes civis, se arrastando pelas ruas pedindo esmola.
Mas foi maravilhoso descobrir o povo angolano. Um povo hospitaleiro, orgulhoso, alegre, amigo e que nunca perde a esperança. Um povo que ama o brasileiro e que demonstra profunda gratidão por todo o apoio recebido do nosso governo desde o primeiro momento de sua independência. Foi maravilhoso descobrir nossas raízes comuns e o quanto as histórias desses dois povos estão entrelaçadas. Mas senti vergonha ao perceber o quanto nós brasileiros, eu incluído, desconhecemos tudo isso.
Desconhecia que Angola, tal como o Brasil, também foi invadida e dominada pelos holandeses, que lá se estabeleceram onze anos depois de ocuparem Olinda e Recife. Na luta contra os holandeses, Portugal delegou a ofensiva angolana aos brasileiros. Foi uma frota com tropas brasileiras comandada pelo português Salvador Correia de Sá e Benevides que, partindo do Rio de Janeiro, retomou Angola em 1648. A partir daí, Angola teve governantes brasileiros até 1665.
Quem ainda se lembra um pouco das aulas de História do Brasil, sabe que André Vidal de Negreiros foi um dos nossos heróis na luta contra os holandeses, na Batalha dos Guararapes. Só não sabe que ele, por seis anos, também foi governador de Angola, pouco depois de sua libertação dos holandeses.
O comércio Brasil-Angola no tempo da colônia era muito intenso. Daqui saíam cachaça e tabaco. De lá vinham escravos. As duas economias estavam tão entrelaçadas nos tempos coloniais, que Portugal incluiu um artigo no tratado de reconhecimento da nossa independência, em que obrigava o Brasil a abrir mão de quaisquer “pretensões ultramarinas”. Ou seja, abria mão de pretender ter Angola como sua colônia.
A forte presença dos comerciantes brasileiros, que dominavam o comércio de escravos, ainda está viva em Luanda na figura de uma bela igreja colonial. A Igreja de Nossa Senhora de Nazaré foi construída em 1664, por brasileiros, em agradecimento à Deus das bençãos recebidas em um naufrágio em que foram salvos por milagre. Um belo monumento que nos remete a um triste momento de nossa história.
Angola se tornou independente em 1975. O maior dos movimentos de libertação, o MPLA, de influência comunista, conquistou o poder, apesar da forte oposição da UNITA, de Jonas Savimbi, que tinha o apoio dos americanos e do governo da África do Sul. Em pleno apogeu da guerra fria, o governo brasileiro, contrariando sua forte tendência anti-comunista, foi o primeiro país a reconhecer Angola como estado independente e, por muito tempo, serviu de ponte política para os angolanos entre aqueles dois mundos que não se misturavam. Disso os angolanos nunca se esquecerão e são eternamente gratos.
São gratos igualmente ao governo brasileiro pelos oito aviões de combate Tucano cedidos no momento em que o acordo de paz, estabelecido entre as duas partes, foi desfeito pela UNITA depois da derrota de Savimbi nas eleições presidenciais. A guerra civil voltou com toda a intensidade, com combates dentro da própria capital Luanda... e os aviões Tucanos foram decisivos para que a vitória pendesse para o lado do governo angolano.
Semba! Não, não é samba e nem houve erro de grafia! Está certinho! Semba é a música e dança típicas de Angola. Apesar de ambas terem raízes comuns, o semba pouco lembra o nosso samba. A capoeira também tem sua versão angolana e a culinária angolana é forte, apimentada e marcante como a baiana, mas, sinceramente, ainda prefiro a nossa.
Palmeiras imperiais na orla do centro antigo de Luanda |
Foi triste ver a pobreza de um povo sofrido e cansado de uma disputa política que arrastou o país a uma das mais longas e sanguinárias guerras civis de todo o mundo, alimentada de um lado pelos diamantes (os tão famigerados “diamantes de sangue”) e, do outro, pelo petróleo. Foi triste ver as marcas da guerra estampada nos prédios com buracos de metralhadora ponto 50 e carros crivados de bala. Foi triste ver uma multidão de mutilados, na grande maioria inocentes civis, se arrastando pelas ruas pedindo esmola.
O tradicional comércio de rua |
Mas foi maravilhoso descobrir o povo angolano. Um povo hospitaleiro, orgulhoso, alegre, amigo e que nunca perde a esperança. Um povo que ama o brasileiro e que demonstra profunda gratidão por todo o apoio recebido do nosso governo desde o primeiro momento de sua independência. Foi maravilhoso descobrir nossas raízes comuns e o quanto as histórias desses dois povos estão entrelaçadas. Mas senti vergonha ao perceber o quanto nós brasileiros, eu incluído, desconhecemos tudo isso.
Desconhecia que Angola, tal como o Brasil, também foi invadida e dominada pelos holandeses, que lá se estabeleceram onze anos depois de ocuparem Olinda e Recife. Na luta contra os holandeses, Portugal delegou a ofensiva angolana aos brasileiros. Foi uma frota com tropas brasileiras comandada pelo português Salvador Correia de Sá e Benevides que, partindo do Rio de Janeiro, retomou Angola em 1648. A partir daí, Angola teve governantes brasileiros até 1665.
Salvador Correia de Sá e Benevides, que libertou Angola da invasão holandesa |
Quem ainda se lembra um pouco das aulas de História do Brasil, sabe que André Vidal de Negreiros foi um dos nossos heróis na luta contra os holandeses, na Batalha dos Guararapes. Só não sabe que ele, por seis anos, também foi governador de Angola, pouco depois de sua libertação dos holandeses.
André Vidal de Negreiros, herói da Batalha dos Guararapese governador de Angola |
O comércio Brasil-Angola no tempo da colônia era muito intenso. Daqui saíam cachaça e tabaco. De lá vinham escravos. As duas economias estavam tão entrelaçadas nos tempos coloniais, que Portugal incluiu um artigo no tratado de reconhecimento da nossa independência, em que obrigava o Brasil a abrir mão de quaisquer “pretensões ultramarinas”. Ou seja, abria mão de pretender ter Angola como sua colônia.
A forte presença dos comerciantes brasileiros, que dominavam o comércio de escravos, ainda está viva em Luanda na figura de uma bela igreja colonial. A Igreja de Nossa Senhora de Nazaré foi construída em 1664, por brasileiros, em agradecimento à Deus das bençãos recebidas em um naufrágio em que foram salvos por milagre. Um belo monumento que nos remete a um triste momento de nossa história.
Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, construída em 1664 por brasileiros que comerciavam escravos |
Angola se tornou independente em 1975. O maior dos movimentos de libertação, o MPLA, de influência comunista, conquistou o poder, apesar da forte oposição da UNITA, de Jonas Savimbi, que tinha o apoio dos americanos e do governo da África do Sul. Em pleno apogeu da guerra fria, o governo brasileiro, contrariando sua forte tendência anti-comunista, foi o primeiro país a reconhecer Angola como estado independente e, por muito tempo, serviu de ponte política para os angolanos entre aqueles dois mundos que não se misturavam. Disso os angolanos nunca se esquecerão e são eternamente gratos.
Jonas Savimbi, líder da UNITA |
São gratos igualmente ao governo brasileiro pelos oito aviões de combate Tucano cedidos no momento em que o acordo de paz, estabelecido entre as duas partes, foi desfeito pela UNITA depois da derrota de Savimbi nas eleições presidenciais. A guerra civil voltou com toda a intensidade, com combates dentro da própria capital Luanda... e os aviões Tucanos foram decisivos para que a vitória pendesse para o lado do governo angolano.
Semba! Não, não é samba e nem houve erro de grafia! Está certinho! Semba é a música e dança típicas de Angola. Apesar de ambas terem raízes comuns, o semba pouco lembra o nosso samba. A capoeira também tem sua versão angolana e a culinária angolana é forte, apimentada e marcante como a baiana, mas, sinceramente, ainda prefiro a nossa.
Semba, o tradicional ritmo angolano |
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