Nada como começar um post dando bom dia a todos. E esse tem que ser um bom dia especial: AREWAWAK para todos vocês!
Para quem não, sabe estou em uma aldeia Kamayurá, no meio do Parque Indígena do Xingu. E arewawak é bom dia em kamayurá, uma das muitas línguas originadas do tronco tupi.
E o que estou fazendo aqui? Estou trabalhando como colaborador no Projeto Tracajá, coordenado pela Embrapa, com o financiamento da Petrobrás.
Percorrendo de barco o Xingu |
Todos vocês conhecem o Projeto Tamar – Tartarugas Marinhas. Pois o projeto Tracajá é muito semelhante, só que trabalha com o tracajá, uma das espécies de tartarugas da região amazônica.
A faina por aqui é pesada: acordamos bem cedo, tomamos café, recolhemos no berçário as tartaruguinhas que serão devolvidas à natureza, pegamos o barco e vamos para as praias do Koluene (para os índios, Xingu para nós).
Na praia 5 tem uma pequena lagoa onde soltamos os filhotes. É uma lagoa protegida, sem peixes grandes que se alimentariam dos filhotes. Ali os filhotes crescerão protegidos até que a cheia do Xingu alague a área e “libere” os filhotes.
Lagoa, na praia 5, onde soltamos os filhotes |
A próxima parada é a praia 6. Como em todas as praias, percorremos todos os ninhos protegidos em busca de filhotes recém nascidos. Infelizmente não são registrados apenas o nascimento de filhotes, mas também a predação.
E se o tracajá faz parte da dieta dos índios por ser delicioso, o ser humano não é o único ser vivo a querer comê-los: urubu, iguana, jacaré e principalmente a raposa são os maiores predadores de ninhos. Para cada 10 ninhos eclodidos, encontramos uns 4 predados.
Filhote de tracajá recém nascido |
Retirando os filhotes do ninho protegido |
Filhotes de tracajá |
O interessante é que a raposa, animal extremamente inteligente, já aprendeu que onde tem ninho protegido com tela, tem alimento garantido. Às vezes encontramos um rastro de raposa na areia e ele percorre de um ninho diretamente ao outro.
Ninho predado por raposa |
A praia 6 é a mais distante e, aos poucos vamos percorrendo todas as praias até retornarmos à aldeia.
Posso garantir uma coisa, caminhar na areia fofa com o forte sol do Xingu batendo na moleira NÃO É NADA FÁCIL!!!
De tarde o trabalho é no laboratório. Fazemos o registro do nascimento/predação nas planilhas de dados, marcamos os filhotes, coletamos DNA, fotografamos o casco de cada filhote de ninhos selecionados e colocamos os filhotes no berçário.
Berçário com filhotes de tracajá |
Não sei por que cargas d'água os filhotes adoram se amontoar em um canto do berçario! |
Terminamos o dia num cansaço danado, mas satisfeitos de estarmos ajudando a natureza na recuperação da população de um animal cujo número tem diminuído sensivelmente nos últimos anos.
E neste esforço, somente no ano passado, o Projeto Tracajá devolveu à natureza mais de dez mil filhotes.
Para mim, além dessa satisfação ecológica, tem algumas outras.em paralelo: ter contato com uma tribo indígena e sua cultura e poder fotografar o dia-a-dia de uma aldeia.
Edu!
ResponderExcluirRealmente deve estar vivendo uma experiência fantástica. Parabéns pela iniciativa. Tenha uma ótima temporada por aí.
Grande abraço. Geraldo
Edu. Arewawak.
ResponderExcluirMuito bonito o trabalho e a experiência. Infelizmente são poucos a fazer alguma coisa a favor. Acho que a mudança de habito dos indios e da população de maneira geral ajudaria muito nesta questão das tartarugas, já vivas, e dos ovos também. Tem um email que mostra uma multidão recolhendo ovos em uma praia aqui na America do Sul que é um absurdo mesmo.
Saúde e paz.
oi tio!
ResponderExcluiraqui é a mari e a lulu, estamos muito felizes que voce está gostando!
sabemos muito bem como é andar nessas praias =P fica melhor andando descalso.
sempre é bom ver seu blog porque assim sabemos que esta tudo bem com voce e papai (percebi que nem mencionou ele mas tudo bem)
muitas saudades e beijos a todos,
Mariana, Lúcia e Susie =D
Oi Edu, legal o trabalho feito por lá. Seja bem vindo de volta e tenha uma boa recuperação. Abraços. Wellington-Fabiana-Amanda
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