segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mergulhando pelo mundo – SS Sapona e Castor



Se mergulhar é maravilhoso, mergulhar em naufrágios é uma experiência pra lá de especial. Mergulhar em naufrágios é como entrar numa cápsula do tempo repleta de estórias. Mas para isso você precisa ter uma habilitação especial e, se possível, com um instrutor tão especial como o meu mestre Maurício Carvalho.

Quando estou em um naufrágio, procuro conhecer as estórias que envolveram o barco e seu afundamento. E tem cada estória incrível que vou compartilhar aqui com vocês.

Em Bimini, Bahamas, mergulhei no naufrágio do cargueiro SS Sapona, que lá encalhou em 1926 depois de um furacão. O barco é enorme, a maior parte está fora d’água e o mergulho é bem raso, cerca de 5 metros. A curiosidade é que o barco foi construído em concreto, pois o aço estava em falta durante a Primeira Guerra Mundial!

Concreto?! Pois é, eu também jamais imaginei que um barco pudesse ser construído de concreto!

O SS Sapona

A Primeira Guerra Mundial acabou antes do barco terminar de ser construído e ele acabou sendo vendido como sucata. Durante algum tempo foi usado para armazenar óleo combustível.

Em 1924 foi vendido novamente, quando foi transportado e ancorado ao largo de Bimini, Bahamas. Durante a época da Lei Seca americana, foi usado como armazém de bebidas, fugindo da legislação por estar em território estrangeiro. A intenção do novo dono era reformá-lo para servir de casa noturna e cassino, mas o furacão de 1926 acabou com seus planos.

Durante a Segunda Guerra Mundial foi usado como alvo pela Força Aérea Americana e pelos Fuzileiros Navais. Depois de uma missão de treinamento de bombardeio no SS Sapona, o famoso Flight 19 simplesmente desapareceu e 14 aviões nunca mais foram vistos. É um dos mais famosos casos de desaparecimento no “Triângulo das Bermudas”.

Boa parte do naufrágio do Sapona está fora d'água

A contravenção também parece estar presente no naufrágio do cargueiro Castor, que encalhou em um banco de areia ao largo de Porto Seguro, sul da Bahia. Como o bicho castor não existe em nossa fauna, o nome Castor nos remete imediatamente ao falecido bicheiro carioca Castor de Andrade, nome pelo qual o navio é conhecido entre os mergulhadores da região.

Registro no log book

A estória oficial diz que devido à má visibilidade e a problemas no radar, o cargueiro acabou por naufragar em 1984 depois de encalhar em um banco de areia. Se for verdade, é MUITO “AZAR”, pois esse é o único banco de areia num raio de “800 quilômetros”. Confesso que não sabia que a Lei de Murphy tinha mira de precisão!!!

Naufrágio do Castor

Por outro lado, conta a lenda que o naufrágio teria sido intencionalmente provocado para que fosse pago o dinheiro do seguro, uma forma de se lavar o dinheiro proveniente da contravenção.

Registro no log book

Verdade? Não tenho a menor idéia. A grande verdade é que se pode fazer um belo mergulho entre os tubulões de aço que faziam parte de sua carga.

Um comentário: