domingo, 29 de dezembro de 2013

Miami: Sunny Isles Beach



Veja também os outros posts da série "Miami": "Bye bye Brasil!!!", "Lidando com a imigração" e "Conjugando o verbo 'muambar'!!!"


Estamos morando em Sunny Isles Beach, o filé do filé do filé de Miami. Um lugar que se autodenomina como "Florida's Riviera" e onde topar com duas Ferraris estacionadas em uma delicatessen não é algo anormal. Um lugar onde está sendo construído um edifício de apartamentos que levará o nome da Porsche. Seus futuros moradores estacionarão seus carros nos próprios apartamentos, cujo precinho começa na faixa dos US$ 4,7 milhões. Merreca, concorda?! Um lugar onde apartamentos são vendidos por mais de R$ 27000 o metro quadrado. Um lugar onde não tem um único dia que não se depare com pelo menos um Rolls Royce na rua!
Sunny Isles fica ao norte de Miami, bem próximo a Fort Lauderdale
A coisa aqui é tão sofisticada, que temos o Faustão, a Angélica e o Luciano Hulk como vizinhos. Não sei onde fica a casa da Angélica/Hulk, mas o edifício onde fica o apartamento do Faustão, o Jade Ocean, é um dos mais caros da redondeza, bem pertinho de onde moramos. Nesse prédio foi vendido, recentemente, um apartamento de quarto e sala, de 106m2 e com vista para o mar. O precinho? Mais de 1 milhão de dólares!!!
Mapa de Sunny Isles Beach, a Riviera da Flórida
Tendo essa vizinhança como comparação, o Plaza of the Americas, onde estamos vivendo, sem nenhum demérito, é bem menos que um Guará, que um Méier, em comparação com o Lago Sul e o Leblon!

E como estamos felizes!!! Viver melhor é impossível!!!
O condomínio Plaza of the Americas
Nosso apartamento é de quarto e sala, mas tem cerca de 73m2!! Além disso, estamos a uns 300 metros da praia. Temos uma excelente área de comércio do lado, com um belo supermercado!
Os luxuosos Jade Ocean e o Jade Beach
Vocês nem imaginam a quantidade de russos que existe por aqui. O que não se pergunta é a origem do dinheiro desses russos. Pela delicadeza e educação fico só imaginando! A quantidade de judeus ortodoxos também é enorme! Como nada é perfeito, a gente também vive tropeçando em argentinos.
Uma praia de mar bem tranquilo
Mas o que mais se encontra por aqui, é aposentado!!! Outro dia conheci uma senhora que tem 96 anos e estava reclamando da vitalidade da amiga... que tem 100 e estava fazendo compras sozinha no supermercado!!!
A famosa Collins Avenue
Sunny Isles é bem menor que o Jardim Botânico, aí em Brasília, mas se emancipou e é uma cidade, conforme a definição americana de cidade. Está localizada dentro do município (condado) de Miami-Dade, onde também fica Miami.
Breakfast de domingo na delicatessen Epicure, com um Audi e duas Ferrari
A maior fonte de arrecadação aqui é o equivalente ao nosso IPTU, além das taxas de serviço prestadas pelo governo local. Se vocês acham que, tal como no Brasil, Sunny Isles fica esperando o repasse de verbas federais ou similares pra sobreviver, está muitíssimo enganado. Sunny Isles é autosuficiente! E vai muito bem, obrigado!
O acesso à praia é livre e garantido à toda comunidade
Pra que vem do Brasil fica difícil descrever o sentimento, mas aqui o contribuinte realmente sente que seu dinheiro está sendo bem utilizado. Tudo é limpo, organizado e funciona! Mas vou dar apenas um pequeno exemplo que bem descreve o que é isso. O transporte urbano, apesar de todos terem carro, FUNCIONA! Não é barato, mas cobre todo o município de Miami-Dade. Ah, viaja-se sentado e em ônibus com ar condicionado.
Transporte municipal de Miami-Dade
Mas transporte público é uma atribuição do governo de Miami-Dade, não de Sunny Isles. Mesmo assim, por que não dar mais um PLUS ao contribuinte de Sunny Isles?! É o que o governo local faz: transporte público gratuito dentro dos limites da cidade!! Exatamente, GRATUITO!!! E com ar condicionado e acesso para cadeirantes!
Shuttle gratuito para a comunidade de Sunny Isles
De hora em hora um micro-ônibus passa por TODOS os condomínios da cidade pegando passageiros e levando até o Aventura Mall, um baita shopping center. Uma hora para ir, uma hora para voltar! No meio do caminho, tanto na ida e como na volta, uma parada no Publix, um baita supermercado.
Porsche é carro de pobre por aqui. Mas ainda não cheguei a esse nível! KKKKKK
Semana passada, eu e a Mary tiramos o dia pra passear nesse micro-ônibus. Fomos até o Aventura Mall... para descobrir que a cidade de Aventura (pouco maior que Sunny Isles) tem igualmente um serviço gratuito de transporte público! E que é ainda mais sofisticado, pois oferece cinco diferentes percursos aos seus cidadãos!
É fácil encontrar Ferrari pelas ruas de Sunny Isles
Passamos o dia passeando pelas duas cidades nesses micro-ônibus. Custo pro nosso bolso? ZEEEEEERO!!! É mole?!

Pode ter certeza, não é o dinheiro público que falta, aí no nosso Brasil. O que falta mesmo é honestidade e vergonha na cara!!!
O pier de Sunny Isles

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Deu pane - Medo de voar é uma delícia!!!



Não tenho o menor medo de voar de avião. Se meu avião fizer uma aterrissagem de barriga, espero apenas minhas pernas pararem de tremer e pego o voo seguinte.
Avião é o mais seguro meio de transporte
Mas estatística não falha! Se a chance de algo ocorrer é de 10%, ela provavelmente deverá acontecer se você a tentar por 10 vezes seguidas.

Poucos são os que não reconhecem que viajar de avião é o meio de transporte mais seguro que existe. Mesmo assim existe uma probabilidade, mesmo que remota, de algum problema acontecer. E na medida em que você viaja mais e mais, maiores serão as chances de, algum dia, você se deparar com uma turbulência braba, com uma arremetida, ou até mesmo uma pane. Já enfrentei as três!
Onde entra o medo, a racionalidade passa longe!
E se hoje a probabilidade de um acidente ocorrer é pra lá de remota, na década de sessenta, quando nos mudamos para Brasília, ela era beeeeem mais alta!

Naquela época era comum pegarmos “carona” nos velhos aviões DC3 da FAB (Força Aérea Brasileira) para irmos ao Rio. O problema era a incerteza de quando isso ocorreria, uma vez que a concorrência na fila de espera era grande! Outro problema era o “conforto”, uma vez que viajávamos em aviões de transporte de tropas. Um frio danado por falta de calefação, um banco pra lá de duro e serviço de bordo inexistente. Mas,como diz o ditado, “em cavalo dado não se olham os dentes”!!!
Era num desses DC3 cargueiros da FAB que pegávamos carona para o Rio
Me lembro bem que um desses voos que fizemos, foi pouco depois de um acidente com um avião semelhante, ocorrido na Amazônia. Como morria de medo de avião e para passar o tempo durante o vôo, minha irmã comprou uma revista “O Cruzeiro”... cuja reportagem de capa era exatamente sobre as agruras que os sobreviventes do tal acidente passaram até serem resgatados.

Foi só juntar uma pessoa sugestionável e com medo de voar de avião, com uma bela turbulência na região de Belo Horizonte, para o desespero aflorar. Para ela, estava mais que claro que aquela “coisa” ia cair e que iríamos passar sofrimentos iguais aos descritos na reportagem! E toca a rezar, e a olhar pela janela para ver se o motor não tinha parado, e a segurar firme nas mãos dos irmãos menores... Tenho certeza que a agonia dela foi longa, beeeeem longa, pois o avião só parou de chacoalhar bem próximo do tranquilo pouso no Rio.
O Cruzeiro era uma das mais populares revistas do Brasil nos anos 60
Por outro lado, em 1968, no retorno dos 8 meses em que morei nos EUA, o perrengue foi bem mais sério. Embarcamos em Miami em um "moderno" Convair 990, depois de um longo atraso, cuja razão não foi repassada aos passageiros pela Varig. Acordei no meio da noite com um baita solavanco e com a “aeromoça” (era assim que as comissárias eram chamadas naquela época) olhando meio apavorada pela janelinha do avião e indo correndo para a cabine. Na doce inocência dos meus 15 anos, virei pro lado e voltei a dormir. Só acordei na hora do pouso... em Belém! Só então os passageiros foram informados que o avião tinha feito um pouso de emergência devido à pane em uma das turbinas... razão do atraso do nosso embarque em Miami.

Foi em um Convair 990 Varig que voltamos de Miami em 1968


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

França – Queijos e vinhos III



Veja também outros posts com o tema “França”: ... porque não somos de ferro!!!, “O golpe do anel!”, Cadeados da paixão!”, Queijos e vinhos e Queijos e vinhos II.



Conforme eu já disse no post “Queijos e vinhos II”, sou um apaixonado por queijos de sabores e aromas fortes. Mas não dá para montar um queijos e vinhos só com queijos que estão mais próximos de uma bomba nuclear que de uma ricota.

Para balancear os sabores você também vai precisar de queijos de sabores medianos e de sabores bem leves. Neste post vou apresentar três dos meus queijos preferidos, de sabor mediano.

Um deles é o delicioso Tomme de Savoie, que muitas vezes é feito com leite desnatado, após a nata ter sido usada para fazer a manteiga. É por isso que Tommes são normalmente queijos de baixo teor de gordura (20 a 40%).
O delicioso Tomme de Savoie
Seu sabor, assim como o aroma, é suave e e dizem que varia dependendo do tipo de alimentação das vacas (feno ou pastagem). Como nunca comi feno ou pastagem, juro que nunca percebi nada de diferente!

Mais fácil é perceber a diferença de sabor devido à maturação. A maturação de um Tomme pode levar vários meses, dando ao queijo uma casca grossa com uma aparência rústica, igualmente fazendo com que seu sabor seja mais ou menos marcante. Eu prefiro um Tomme mais maturado.

Os peritos dizem que um Tomme de Savoie vai muito bem com um Châteuneuf-du-Pape. Adoro ambos!
Um Tomme vai deliciosamente bem com um Châteuneuf-du-Pape
Outro delicioso queijo de sabor mediano é o Mimolette. Sua produção é muito similar à do queijo holandês Edam, razão de muitas controvérsias e disputas entre os dois países.
Mimolette Vielle, bem maturado
Tem uma cor laranja bem forte e, se pressionado, sua consistência é semi-rígida. Tem sabor marcante e salgado, o que se acentua quanto mais tempo tiver de maturação. O Mimolette Vielle pode ser maturado por até dois anos e chega a ter uma consistência próxima a de um parmesão.

Harmoniza muito bem com vinhos Riesling e Châteuneuf-du-Pape.
Mimolette menos maturado e mais suave
Pra finalizar, um outro queijo de sabor médio que eu adoro é o Comté, feito de leite de vaca não pasteurizado na região de Franche-Comté, no leste da França.

É produzido em discos circulares planos, de 40 a 70 cm de diâmetro, por 10 cm de altura, pesando até 50 kg cada. Seu teor de gordura está em torno de 45%.
Comté sendo maturado
Sua casca é geralmente de cor marrom, com o interior de um amarelo pálido e sabor forte e ligeiramente doce.

A maioria dos queijos Comté são maturados de 12 a 18 meses e casam deliciosamente com um cabernet-sauvignon ou um riesling
Comté um delicioso queijo de sabor mediano
E aí?! Vamos abrir uma garrafa de Châteuneuf e saborear esses queijos?!

Santé!
Santé!