quinta-feira, 9 de maio de 2013

Somos todos preconceituosos I



Se você torceu o nariz para o título deste post, preste a atenção no que tenho a dizer, antes que você comece a me execrar... de forma preconceituosa.

Você enfia o dedo numa tomada elétrica qualquer? Claro que não! E por quê? Porque você sabe que, se ela estiver energizada, tomará um baita choque! Ou seja, todo o seu aprendizado de vida lhe mostra um comportamento a ser adotado frente a uma determinada situação. Você olha para uma tomada e não irá enfiar o dedo, mesmo que ela esteja desligada e você não saiba. Não vai enviar o dedo, a menos que tenha certeza absoluta de que não correrá riscos.
Existem mil outras situações semelhantes: atravessar um sinal fechado com seu carro; passar a mão na cabeça de um pitbull; chamar o presidente de sua empresa de babaca; e por aí vai.

Aprendemos, desde criancinhas, a como devemos proceder nas mais diversas situações. Isso nos poupa tempo, além de evitar correr riscos desnecessários. Sem querer filosofar, já filosofando, eu diria que quando voltamos a nos defrontar com uma situação já vivenciada, temos “PREconceitos” a respeito delas com base nas experiências já vivenciadas... mesmo que elas sejam potencialmente diferentes.
O problema desses “preconceitos” é quando eles passam a envolver pessoas. “O Zé é um chato!” Talvez ele até seja, mas na medida em que a gente rotula alguém, positiva ou negativamente, dificilmente conseguiremos ver essa pessoa por outro filtro que não seja aquele.

Preconceito é que nem tatuagem, depois que gruda, mesmo depois de retirada deixa a sua cicatriz.

Pior ainda é quando partimos para situações do tipo “todo negro é...”; “todo judeu é...”, “todo brasileiro é...”, “todo nordestino é...”, “todo pobre é...”, “todo político é...”!!
Pode ser que você estrile e diga que não, mas na minha forma de ver, infelizmente somos todos preconceituosos! Acredito que a Madre Teresa de Calcutá, o Chico Xavier e mais uma meia dúzia de santos sejam exceções, mas o resto do populacho que vive nesse mundo de Deus não foge a essa regra. Uns bem mais e outros bem menos, mas todos somos, de alguma forma, em algum grau e em algum momento, preconceituosos. E nesse balaio de gatos estamos nós dois incluídos.

Digo isso porque em viagens internacionais o preconceito fica bem mais patente.
Por exemplo, nesses tempos de “paranóia anti-terrorista pós 11 de setembro”, qualquer um que se pareça com árabe é visto com desconfiança, principalmente pelas autoridades de imigração. E eu sinto isso na pele, principalmente na Europa.

Não foram poucas as pessoas que já me perguntaram, com 100% de convicção, de onde vem minha ascendência árabe. Minha santa mãe não teve nenhum caso com um caixeiro viajante libanês e, até onde minhas árvores genealógicas alcançam, não existe nenhuma ascendência árabe, tanto por parte de pai como de mãe. Por outro lado, ambas apontam para um Portugal de fortes influências mouras.
O famoso Sheikh Edubdullah

Certa vez conversando com um amigo americano e ele me disse:

– Edu, confesso que viajo tenso quando vejo alguém com cara de árabe embarcando no mesmo voo.

– Mas, fulano, eu não tenho cara de árabe?!, repliquei.

– Tem!

– Já viajamos juntos e, por acaso, você ficou preocupado ?

– Claro que não! Conheço você de longa data e sei que você é brasileiro.
E se eles forem terror... Shhhhhh! Se eles não nos matarem, certamente vão nos processar!
Vejam só como funciona o preconceito! Que eu tenho cara de árabe ninguém contesta. Mas, se o meu amigo não me conhecesse e viajássemos juntos, ele ficaria tenso. Como me conhece, o preconceito dele é anulado e vira simpatia! Lindo, não?!

Como preconceito é 300% baseado no emocional, a racionalidade não funciona nesses momentos! Certo mesmo estava Einsten ao dizer:

– É mais fácil quebrar um átomo que um preconceito!

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