Se
você torceu o nariz para o título deste post, preste a atenção no que tenho
a dizer, antes que você comece a me execrar... de forma preconceituosa.
Você enfia o dedo numa tomada elétrica qualquer? Claro que
não! E por quê? Porque você sabe que, se ela estiver energizada, tomará um
baita choque! Ou seja, todo o seu aprendizado de vida lhe mostra um
comportamento a ser adotado frente a uma determinada situação. Você olha para
uma tomada e não irá enfiar o dedo, mesmo que ela esteja desligada e você não
saiba. Não vai enviar o dedo, a menos que tenha certeza absoluta de que não
correrá riscos.
Existem
mil outras situações semelhantes: atravessar um sinal fechado com seu carro;
passar a mão na cabeça de um pitbull; chamar o presidente de sua empresa de
babaca; e por aí vai.
Aprendemos,
desde criancinhas, a como devemos proceder nas mais diversas situações. Isso
nos poupa tempo, além de evitar correr riscos desnecessários. Sem querer
filosofar, já filosofando, eu diria que quando voltamos a nos defrontar com uma
situação já vivenciada, temos “PREconceitos” a respeito delas com base nas
experiências já vivenciadas... mesmo que elas sejam potencialmente diferentes.
O
problema desses “preconceitos” é quando eles passam a envolver pessoas. “O Zé é
um chato!” Talvez ele até seja, mas na medida em que a gente rotula alguém,
positiva ou negativamente, dificilmente conseguiremos ver essa pessoa por outro
filtro que não seja aquele.
Preconceito
é que nem tatuagem, depois que gruda, mesmo depois de retirada deixa a sua
cicatriz.
Pior
ainda é quando partimos para situações do tipo “todo negro é...”; “todo judeu
é...”, “todo brasileiro é...”, “todo nordestino é...”, “todo pobre é...”, “todo
político é...”!!
Pode
ser que você estrile e diga que não, mas na minha forma de ver, infelizmente
somos todos preconceituosos! Acredito que a Madre Teresa de Calcutá, o Chico
Xavier e mais uma meia dúzia de santos sejam exceções, mas o resto do populacho
que vive nesse mundo de Deus não foge a essa regra. Uns bem mais e outros bem
menos, mas todos somos, de alguma forma, em algum grau e em algum momento,
preconceituosos. E nesse balaio de gatos estamos nós dois incluídos.
Digo
isso porque em viagens internacionais o preconceito fica bem mais patente.
Por
exemplo, nesses tempos de “paranóia anti-terrorista pós 11 de setembro”,
qualquer um que se pareça com árabe é visto com desconfiança, principalmente
pelas autoridades de imigração. E eu sinto isso na pele, principalmente na Europa.
Não
foram poucas as pessoas que já me perguntaram, com 100% de convicção, de onde
vem minha ascendência árabe. Minha santa mãe não teve nenhum caso com um
caixeiro viajante libanês e, até onde minhas árvores genealógicas alcançam, não
existe nenhuma ascendência árabe, tanto por parte de pai como de mãe. Por outro
lado, ambas apontam para um Portugal de fortes influências mouras.
O famoso Sheikh Edubdullah |
Certa
vez conversando com um amigo americano e ele me disse:
– Edu, confesso que viajo tenso
quando vejo alguém com cara de árabe embarcando no mesmo voo.
– Mas, fulano, eu não tenho cara de
árabe?!, repliquei.
– Tem!
– Já viajamos juntos e, por acaso,
você ficou preocupado ?
– Claro que não! Conheço você de
longa data e sei que você é brasileiro.
E se eles forem terror... Shhhhhh! Se eles não nos matarem, certamente vão nos processar! |
Vejam só como funciona o
preconceito! Que eu tenho cara de árabe ninguém contesta. Mas, se o meu amigo não me
conhecesse e viajássemos juntos, ele ficaria tenso. Como me conhece, o
preconceito dele é anulado e vira simpatia! Lindo, não?!
Como preconceito é 300% baseado no
emocional, a racionalidade
não funciona nesses momentos! Certo mesmo estava Einsten ao dizer:
– É mais fácil quebrar um átomo que
um preconceito!
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