Veja
também os outros posts da série “Diferenças culturais”: "O 'V' da vitória!!!", "Duas palavrinhas básicas", "Melhor nem saber o que
está comendo!", "Regras básicas de etiqueta
I",
"Regras básicas de
etiquetaII" e "Fa'afafine"
Acho
que cada um de nós, em algum momento da vida, acabou passando por uma situação
onde foi nitidamente discriminado.
Por
exemplo, você pode até ser um daqueles brasileiros tipo “branco azedo”, como
chamamos por aqui. Nos “Steites” você jamais será considerado um “branco”!
Branco para eles é o WASP – white, anglo-saxon, protestant. Ou seja, branco,
anglo-saxão e protestante. Isso significa que seus ancestrais eram originários
da Grã-Bretanha, Alemanha, Holanda e países nórdicos. O católico muitas vezes é
considerado irlandês e fica numa categoria à parte, assim como os italianos.
Qualquer um é estrangeiro em algum lugar |
Diz
o ditado: “em Roma, como os romanos”! Ou seja, lembre-se sempre que o ser
exótico, lá fora é você. E será você que vai ter que se adaptar aos usos e
costumes de onde estiver.
A origem "racial" como determinante no comportamento policial |
Vou
citar algumas coisinhas bem típicas do nosso Brasil, que, se são aceitáveis por
aqui, vão queimar definitivamente o seu filme em muitos outros países.
Levar um amigo para uma
festa que VOCÊ foi convidado
– o amigo pode até ser o Papa, mas você não tem o direito de impingir ao seu
anfitrião alguém que ele não convidou. Nem pense em perguntar antes se pode
levar o seu amigo, pois receberá um sim que não será sincero, mas fruto de
constrangimento.
"Convidado": "- Meu tio?!? Pensei que fosse SEU tio..." |
Chegar atrasado em um
compromisso – brasileiro não é muito de dar pelota para pontualidade, mas fique esperto. Se você foi convidado para um compromisso formal e chegar mais que quinze minutos atrasado,
esqueça! Pode até pedir desculpas, mas provavelmente não terá outra chance. Por
mais que você se justifique e que seu anfitrião sorria, tenha certeza que você
já foi cortado da lista dos convidados de todos os próximos eventos das
próximas cinco encarnações.
Permanecer depois da
hora marcada para o término
– nos EUA e em muitos países da Europa, festa, jantares e outros eventos
sociais têm hora para começar e hora para ACABAR! Como por aqui as festas não
têm hora para terminar, isso até pode soar estranho para um brasileiro, mas por
lá é levado MUITO a sério.
"Rich, você tem certeza de que se esforçou bastante para chegar à reunião na hora marcada?" |
Fazer barulho acima do
volume permitido ou depois da hora prevista – por aqui o seu vizinho pode dar uma festa de arromba
até as quatro da matina, com direito a grupo de pagode, que nada acontece. Se
você for reclamar com o síndico, é bem provável que ele tenha sido cooptado e
esteja se esbaldando na casa do vizinho. Mas nos EUA e na Europa, o mais
provável será você receber a visita da polícia... que certamente não estará nem
um pouquinho bem humorada e condescendente em entender que aquela é apenas uma
inocente comemoração de despedida de um amigo de um primo de um colega de
trabalho do Brasil, que passou por Londres e resolveu lhe visitar. Pode ter
certeza que o tempo vai fechar, sujeito a chuvas e trovoadas!!!
"Não é o barulho, senhor. É o cheiro do queijo!" |
Se o seu anfitrião foi
simpático e comunicativo, não ache que ele virou amigo do peito – por essas bandas daqui todo mundo
vira seu amigo do peito com a mesma velocidade com que se respira. No Rio,
então, basta você conversar com alguém na fila do banco ou na praia que ele já
se tornou um companheirão de infância. Lá fora o buraco é muito mais embaixo. O
primeiro contato pode ser meramente formal e bastante simples. Fazer amizade é
uma coisa que requer muito tempo, paciência e respeito com as diferenças
culturais do “candidato” a amigo. Se ele não abrir a guarda, não adianta forçar
a barra.
"Amigos de verdade são difíceis de serem encontrados" |
Não,
não é preciso deixar de ser quem você é, mas simplesmente trazer o melhor de nossa
cultura para dentro da cultura deles. O mais importante é entender que estamos
no país deles e somos nós que devemos nos adaptar. Se fizermos a nossa parte,
as portas inevitavelmente se abrirão.
"Somos uma sociedade bem tolerante, mas se vocês não se comportarem como nós... vocês podem voltar para o inferno de onde vieram!" |
Mas
se nos fecharmos no nosso mundinho e resolvermos empurrar a nossa cultura goela
abaixo dos demais, pode ter certeza de que apenas estaremos alimentando uma
xenofobia cada vez mais exacerbada, que inevitavelmente se voltará contra nós.
Lembre-se
de que gentileza gera gentileza.
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