quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Diferenças culturais - Dicas para queimar o seu filme





Acho que cada um de nós, em algum momento da vida, acabou passando por uma situação onde foi nitidamente discriminado.

Por exemplo, você pode até ser um daqueles brasileiros tipo “branco azedo”, como chamamos por aqui. Nos “Steites” você jamais será considerado um “branco”! Branco para eles é o WASP – white, anglo-saxon, protestant. Ou seja, branco, anglo-saxão e protestante. Isso significa que seus ancestrais eram originários da Grã-Bretanha, Alemanha, Holanda e países nórdicos. O católico muitas vezes é considerado irlandês e fica numa categoria à parte, assim como os italianos.
Qualquer um é estrangeiro em algum lugar
Fique satisfeito se você for enquadrado como hispânico, porque brasileiro, nem sempre cai nessa categoria. E como “hispânico”, você vai carregar nas costas todos os preconceitos e estereótipos que os americanos têm a respeito dessa importante comunidade.

Diz o ditado: “em Roma, como os romanos”! Ou seja, lembre-se sempre que o ser exótico, lá fora é você. E será você que vai ter que se adaptar aos usos e costumes de onde estiver.
A origem "racial" como determinante no comportamento policial
Vou citar algumas coisinhas bem típicas do nosso Brasil, que, se são aceitáveis por aqui, vão queimar definitivamente o seu filme em muitos outros países.

Levar um amigo para uma festa que VOCÊ foi convidado – o amigo pode até ser o Papa, mas você não tem o direito de impingir ao seu anfitrião alguém que ele não convidou. Nem pense em perguntar antes se pode levar o seu amigo, pois receberá um sim que não será sincero, mas fruto de constrangimento.
"Convidado": "- Meu tio?!? Pensei que fosse SEU tio..."
Chegar atrasado em um compromisso – brasileiro não é muito de dar pelota para pontualidade, mas fique esperto. Se você foi convidado para um compromisso formal e chegar mais que quinze minutos atrasado, esqueça! Pode até pedir desculpas, mas provavelmente não terá outra chance. Por mais que você se justifique e que seu anfitrião sorria, tenha certeza que você já foi cortado da lista dos convidados de todos os próximos eventos das próximas cinco encarnações.

Permanecer depois da hora marcada para o término – nos EUA e em muitos países da Europa, festa, jantares e outros eventos sociais têm hora para começar e hora para ACABAR! Como por aqui as festas não têm hora para terminar, isso até pode soar estranho para um brasileiro, mas por lá é levado MUITO a sério.
"Rich, você tem certeza de que se esforçou bastante para chegar à reunião na hora marcada?"
Fazer barulho acima do volume permitido ou depois da hora prevista – por aqui o seu vizinho pode dar uma festa de arromba até as quatro da matina, com direito a grupo de pagode, que nada acontece. Se você for reclamar com o síndico, é bem provável que ele tenha sido cooptado e esteja se esbaldando na casa do vizinho. Mas nos EUA e na Europa, o mais provável será você receber a visita da polícia... que certamente não estará nem um pouquinho bem humorada e condescendente em entender que aquela é apenas uma inocente comemoração de despedida de um amigo de um primo de um colega de trabalho do Brasil, que passou por Londres e resolveu lhe visitar. Pode ter certeza que o tempo vai fechar, sujeito a chuvas e trovoadas!!!
"Não é o barulho, senhor. É o cheiro do queijo!"
Se o seu anfitrião foi simpático e comunicativo, não ache que ele virou amigo do peito – por essas bandas daqui todo mundo vira seu amigo do peito com a mesma velocidade com que se respira. No Rio, então, basta você conversar com alguém na fila do banco ou na praia que ele já se tornou um companheirão de infância. Lá fora o buraco é muito mais embaixo. O primeiro contato pode ser meramente formal e bastante simples. Fazer amizade é uma coisa que requer muito tempo, paciência e respeito com as diferenças culturais do “candidato” a amigo. Se ele não abrir a guarda, não adianta forçar a barra.
"Amigos de verdade são difíceis de serem encontrados"
Não, não é preciso deixar de ser quem você é, mas simplesmente trazer o melhor de nossa cultura para dentro da cultura deles. O mais importante é entender que estamos no país deles e somos nós que devemos nos adaptar. Se fizermos a nossa parte, as portas inevitavelmente se abrirão.
"Somos uma sociedade bem tolerante, mas se vocês não se comportarem como nós... vocês podem voltar para o inferno de onde vieram!"
Mas se nos fecharmos no nosso mundinho e resolvermos empurrar a nossa cultura goela abaixo dos demais, pode ter certeza de que apenas estaremos alimentando uma xenofobia cada vez mais exacerbada, que inevitavelmente se voltará contra nós.

Lembre-se de que gentileza gera gentileza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário