Se
Angola é violenta? É óbvio que um branquelo andando solto é sempre um alvo
potencial, principalmente em uma cidade onde o desemprego é alto. Isso vale
para Luanda, como em qualquer metrópole brasileira. Turista é sinônimo de
panaca e de grana fácil. Ou seja, todo cuidado é pouco. Seja por lá, como por
aqui.
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Luanda |
O
curioso é que a sensação de que o Brasil é um país bem mais violento e perigoso
que Angola está presente na mente de muitos angolanos, apesar de terem vivido os
problemas da guerrilha. O responsável? Um programinha policial chamado Cidade
Alerta. Aquele onde você suja a mão de sangue toda a vez que resolve mudar de
canal da TV! É tanta bagaceira sendo mostrada na telinha que o embaixador do
Brasil em Angola me disse que pediu para que o programa fosse retirado do ar,
nas transmissões internacionais, pois os angolanos estavam com medo de vir ao
nosso país! Imagine só, moravam em um país saindo de uma guerra civil e tinham medo
da violência no Brasil! É mole?!
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Cidade Alerta - Cuidado pra não sujar a mão de sangue ao trocar de canal!! |
Como
não apenas sobrevivi incólume à minha primeira viagem a Angola, mas gostei muito
da experiência, a indicação de minha segunda viagem a Angola foi recebida com
alegria. Seguro de vida? Nem pensar! Um ano depois, encontrei o país ainda sob
a ameaça da guerrilha, agora fraca e acuada. Mas a esperança de um futuro
melhor estava patente em todos os diálogos que mantive. Os progressos, apesar
de ainda pequenos, eram visíveis.
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Luanda, como era de ser esperar, também tem vendedor de sinal! |
Em
minha terceira viagem, em 2003, encontrei uma Angola em paz e Luanda havia
virado um canteiro de obras. A morte de Jonas Savimbi, líder da UNITA, trouxe a
tão esperada paz para o povo angolano. E todo o dinheiro que antes era
canalizado para a guerra podia agora ser aplicado nas numerosas obras necessárias
para a reconstrução do país.
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Mulheres da tribo Namibe |
Encontrei
também uma coisa inusitada. Ao final de um cansativo dia de palestras, fomos
tomar um chopinho na Ilha de Luanda, o point dos barzinhos e
restaurantes. A “ilha” está hoje ligada ao continente e não passa de uma fina
restinga. De um lado a Baía de Luanda. Do outro, praias e o Oceano Atlântico.
No meio uma estrada de mão dupla com uma infinidade de bares e restaurantes dos
dois lados.
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Por de sol sobre a Baía de Luanda |
A
caminho do nosso restaurante, percebi que a cada poste de iluminação que
passava, tinha logo atrás um enorme bloco de concreto. Um poste, seguido por um
bloco de concreto. Outro poste e outro bloco... O curioso é que esses blocos de
concreto estavam sempre depois dos postes e nunca antes.
Intrigado
com aquilo, perguntei a razão ao motorista e quase caí de costas com a singela
explicação. Os blocos estavam ali para proteger os postes das batidas dos
motoristas que voltavam embriagados depois de uma noitada nos bares. Uma vez
que eles sempre iam sóbrios, não havia necessidade de protegê-los no sentido da
ida, mas na volta...
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Tava duvidando?! Taí o bloco "protetor anti-bêbado" de poste!!! |
Como
estava ficando caro para o governo local trocar os postes batidos, a solução
foi protegê-los com blocos de concreto.
–
E os motoristas bêbados?
–
Bem, eles que se danem!!
Pano
rápido, por favor!!!
Copyright de fotos: Edu Moreira
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