Veja também os posts " Certos furtos I - Itália " e “ Certos furtos II - Barcelona ".
Ser furtado no metrô faz parte do trivial básico de qualquer turista! Não existe local mais propício para um turista ser furtado do que uma linha de metrô bem movimentada, de preferência aquelas que passam por pontos turísticos, em horário de pico. As aglomerações nos momentos de entrada e saída das composições e o bolo de gente que prefere ficar junto às portas facilitam a vida dos ladrões.
Em Amsterdã furtaram a carteira de meu irmão na entrada de uma loja. A porta era pequena para o número de pessoas que entrava. A pessoa que estava imediatamente à frente de meu irmão parou repentinamente, fazendo com que a pessoa que estava logo atrás dele o imprensasse. Frações de segundo e foi o suficiente para que a carteira que estava no bolso de trás desaparecesse.
Nesse caso foi em uma loja, mas é dessa forma que eles agem na entrada e na saída do metrô. Nos trens dos metrôs, a área que fica junto às portas é igualmente mais lotada e mais propícia aos furtos e procuro sempre ficar mais para dentro, no corredor entre os bancos. Se está lotado, coloco minha carteira no bolso da frente e a mão dentro do bolso.
Em nosso último dia em Barcelona (sempre Barcelona!), fomos visitar o Parque Güell, linda obra do arquiteto mais louco do mundo, o fantástico Antoni Gaudí. Estávamos no metrô, quando a mulher ao nosso lado nos avisou sussurrando:
– Están robando el señor que está adelante de nosotros!
Foi o tempo suficiente para me virar e presenciar o furto sendo realizado. Era um casal de jovens e um senhor alto que lhes dava cobertura. Enquanto o senhor observava a movimentação dos demais passageiros, o rapaz se encostou na vítima e a moça enfiou a mão no seu bolso, furtando a sua carteira tão rápido como um relâmpago. Assim que terminaram, se reuniram perto da porta do vagão e separaram entre si o dinheiro e os cartões, saltando na estação seguinte. Nenhum dos três se enquadraria em qualquer perfil que nós imaginaríamos para um ladrão! Na aparência, eram pessoas acima de qualquer suspeita!
Com a composição mais vazia, a senhora comentou conosco que ela presenciava furtos quase todos os dias. Muitos dos ladrões se portam como turistas e muitos deles vêm dos países do leste europeu. Falou de sua frustração em ver as pessoas inocentes perdendo os seus pertences sem que ela pudesse avisá-los do furto, pois se o fizesse a vítima passaria a ser ela. Desnecessário dizer que passamos o resto do dia numa “nóia” danada, desconfiando até mesmo de nossas sombras.
E foi essa “nóia” que me permitiu presenciar, pela segunda vez na mesma tarde, os ladrões dividindo o fruto da rapinagem.
Já estávamos chegando na estação de destino, na região das Ramblas, quando percebi uma movimentação muito estranha de um jovem de origem árabe. Ele, por meio de sinais faciais, se comunicava com mais alguém, que percebi ser outro jovem árabe. A luz de alerta acendeu dentro de mim, avisei à minha esposa de que provavelmente estaria presenciando um furto e fiquei observando o que faziam. Saltamos na mesma estação. Sempre observando os dois jovens, percebi que, do lado de fora da estação, eles se juntaram a um terceiro jovem. Rapidamente dividiram o resultado do furto e saiu cada qual para uma direção diferente.
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