Mas vamos mudar o rumo dessa prosa! Se as situações como as descritas nos posts anteriores são pura “roubada” em nossas viagens, muito pior é ter que se deparar com o furto, puro e simples. Uma roubada dá um tempero amargo, mas um furto pode arruinar uma viagem!
Nós pobres mortais diríamos: fui roubado. Mas os especialistas em direito imediatamente nos corrigem afirmando que o roubo implica violência, enquanto o furto não. Mero tecnicismo. Apesar de concordar que encarar um trezoitão deva ser uma experiência um tanto traumatizante, acho que no final das contas o desastre acaba sendo muito semelhante.
Viver, no mundo de hoje, já tinha deixado de ser um passeio no parque bem antes de eu me entender como gente. Viver em uma grande metrópole, então, nem se fala! Os habitantes de uma cidade grande conhecem todas as regras não escritas e não explícitas e sabem driblar, na medida do possível, as situações potencialmente problemáticas ou perigosas... situações essas que não estão necessariamente claras para um viajante que acaba de chegar de fora! É claro que essas precauções muitas vezes chegam a beirar a paranóia pura e simples. Carioca que se preze tem medo até de gari... afinal, quem garante que é um gari?
O turista pode fazer o esforço que quiser para se parecer e agir como um nativo, mas jamais conseguirá. Parece que nós turistas temos essa denominação marcada em néon brilhante que pisca incessantemente em nossa testa. Se para o cidadão comum esse letreiro está escrito “TURISTA”, para o ladrão ele é lido como “OTÁRIO”, transformando-o em vítima preferencial.
Diz o ditado que “em rio que tem piranha, jacaré nada de costas”! Ou seja, ele protege seu ponto mais fraco que é o tecido fino da barriga. É dessa maneira que procuro agir sempre que viajo, sendo que os cuidados a serem tomados podem ser maiores ou menores dependendo do grau de periculosidade da cidade ou do local que visito.
É óbvio que se você passeia por Avignon, na França, dá para ficar mais relaxado do que se você estiver em Marselha, a menos de 100km de distância. Passear em Paraty, Noronha, Bonito ou Ouro Preto é uma coisa; Rio, São Paulo, Recife ou Salvador é outra bem diferente!
Ouse andar com jóias ou uma câmera fotográfica cara no Rio para ver o que lhe acontece! Por outro lado, e talvez devido às precauções que tomo, nunca fui furtado no Brasil. O mesmo não posso dizer de Paris e de Washington!
Tá legal que houve uma tentativa frustrada de furto em Fortaleza. Estávamos aguardando um táxi no final da Praia do Mucuripe, bem pertinho do mercado de peixes, quando ouvi o barulho de alguém que havia saltado bem atrás de mim, seguido de um forte puxão na minha pochete (sim, naquela época eu usava pochete, “aquele trem brega”, segundo a Mary!). Era um rapaz que havia saltado o muro que divisava com a favela e estava tentando furtar minha pochete. Minha sorte era que ela estava presa ao passador de minha calça jeans e ele, ao ver que estava mais difícil que originalmente pensava, desistiu e saiu correndo! Confesso que foi um belo susto, mas ainda consegui mandar lembranças à distinta mãe do indivíduo antes que ele desaparecesse na curva!
Na Itália existe o tradicional golpe do grupo de crianças pedintes que abordam turistas pedindo esmolas. Elas chegam em bando e diversas delas se aproximam falando alto, tocando você com pedaços de papelão. É aí que mora o perigo! Enquanto você está distraído com a barulheira delas, o papelão bloqueia a sua visão para o furto que elas estão fazendo por debaixo. E assim que conseguem pegar a sua carteira, desaparecem tão rápido e ruidosamente quanto chegaram.
Já passei por isso tanto em Roma como em Florença! Minha sorte foi a de já ter lido sobre esse golpe antes da minha primeira ida à Itália e, quando elas apareceram, já estava preparado! Foi só tentarem se aproximar de mim que levantei a mão ameaçando dar um belo tapão na primeira que chegasse mais perto. Tentaram uma, duas vezes e desistiram, saindo correndo em busca de uma vítima menos atenta e mais fácil. Se isso se passar com você, não tenha receio em partir para o ataque, que será a única forma de detê-las. De bobas, essas crianças não têm nada!
Dessas crianças da Itália eu e mamãe nos lembramos bem. Saindo da estação de trem de Roma carregando uma big mochila nas costas. Quer letreiro maior que esse?
ResponderExcluirBeijos