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Hoje
vamos falar dos queijos de sabor suave, os preferidos da Mary. Mas vou fugir
dos tradicionais Brie e Camembert que você já conhece.
Pessoalmente,
como prefiro queijos de sabor e aroma mais marcantes, acho a maioria dos
queijos suaves bem sem graça. Mas minhas preferências estão fora da curva padrão
do consumidor brasileiro, onde provavelmente você se encaixa.
Para mim, quanto mais mal cheiroso, mais gostoso é o queijo! |
Para mim,
entre os queijos suaves, o Reblochon de Savoie é disparado o meu preferido.
A história do Reblochon é curiosa. No final da Idade
Média, os produtores leiteiros da região de Savoie entregavam boa parte de sua
produção aos senhores feudais. Para "diminuir" sua produção, eles não ordenhavam completamente
suas vacas. Depois que os fiscais iam embora, os produtores completavam a
ordenha. Ou seja, eles
"re-blochaient" suas vacas. É
o leite dessa segunda ordenha, mais rico, cremoso e encorpado, que é usado para
fazer esse delicioso queijo.
Reblochon de Savoie |
Os
queijos são colocados para secar em porões, virados a cada dois dias e lavados
com soro de leite para acelerar o processo de maturação.
O resultado é um queijo extremamente cremoso, mais até que o Brie. Têm coloração amarelada e sabor
ligeiramente adocicado. O Reblochon de Savoie vai muito bem com um vinho branco
suave ou tintos leves como o Beaujolais.
Reblochon: deliciosamente cremoso |
Outro
queijo suave que eu adoro é o Fol-Epi, também conhecido como o Emmental
francês. Seu nome significa, em francês, ramo de trigo.
Produzido
no Vale do Loire é montado em rodas de cerca de 3 quilos adornadas na
superfície de sua casca com a imagem de ramos de trigo, uma lembrança da
farinha de trigo torrada que cobre a casca desse delicioso queijo.
Fol Epi, o Emmental francês |
Os
buracos do Fol-Epi são bem menores e menos marcantes que os encontrados no suíço
Emmental ou no holandês Maasdam. É feito
com leite pasteurizado de vaca, maturado por apenas 3 meses e tem sabor leve e
adocicado, lembrando um pouco avelã, sabor esse que vem do trigo de sua casca.
Vai muito
bem com vinhos brancos Riesling, Chardonnay ou Sauvignon, assim como com tintos
leves tipo Merlot e Pinot Noir. É uma delícia acompanhado com pão, amêndoas e
frutas secas.
O ramo de trigo na casca é a marca registrada do Fol Epi |
Outro dia
estava dando uma olhada na seção de queijos de um supermercado de Brasília e vi
algo que deu vontade de rir. Um queijo Morbier fatiado na sua metade
longitudinal, ao contrário de todos os demais queijos. Para quem conhece, o
Morbier é facilmente reconhecido por ter uma linha mais escura que corta o
queijo longitudinalmente. Pois bem, o responsável pela seção de queijos mandou
fatiar todos os Morbier exatamente naquela linha! Aaaaarghhh!!! Mostra bem o
quanto esse cara entende de queijo!
Morbier |
Morbier é
um queijo de sabor suave produzido na pequena cidade francesa de Morez, situada
nos montes Jura e bem perto de Genebra, Suíça.
Durante a
sua produção, de noite, o fabricante coloca um pouco de fuligem sobre a massa
do queijo para impedir a formação da casca e manter os insetos longe dos
queijos. No dia seguinte cada duas metades são juntadas e prensadas para montar
o queijo final, que é maturado por dois meses. E é essa fuligem que dá o risco
escuro na parte central, marca registrada do Morbier.
A linha escura é a característica mais marcante do Morbier |
Durante o
processo de maturação o queijo vai ganhando uma casca e, ao final do processo,
é lavado com água salgada. Tem coloração levemente amarelada, com uma casca
suave e miolo macio, sem chegar a ser cremoso. Harmoniza bem com Chardonnay e
Pinot Noir.
Mas quando
for comer um Morbier, PELAMORDEDEUS, não me mate de vergonha! JAMAIS corte a
fatia na linha escura do queijo!!!
JAMAIS corte uma fatia de Morbier em sua marca escura! |
Bon appétit!!!