quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Diferenças culturais – Duas palavrinhas básicas



Existem duas palavrinhas básicas que devemos aprender em todas as línguas: por favor e obrigado! Usar essas duas no idioma local, somadas a uma terceira (bom dia!) pode fazer milagres! Aprenda-as e use-as em profusão, mesmo que as esqueça assim que cruzar a fronteira!

Acabei de voltar de uma viagem a uma aldeia indígena kamayurá e fui logo aprendendo essas palavrinhas: arawawak significa “bom dia”, ikatu é “obrigado” e ... bem, confesso que não consegui aprender como é “por favor” em kamayurá. Não sei se eles têm essa palavra na língua deles, mas o que acontece é que eles não usam nada semelhante no dia-a-dia. Pedindo com delicadeza a coisa se resolve! E se esse é o costume deles, devemos respeitá-lo.

Mas, infelizmente, muitos de nós brasileiros não temos o hábito de respeitar os costumes dos lugares onde visitamos, principalmente se estamos em grupos. Agimos muitas vezes de forma ruidosa e mal-educada, como se estivéssemos em nossa casa. Pior que isso, talvez nem agíssemos assim se estivéssemos em casa.


Na próxima vez que estiver no exterior, procure encontrar um grupo de brasileiros, desses bem ruidosos e mal-educados, dentro de um metrô, restaurante ou salão de aeroporto. Agora, observe as demais pessoas, principalmente os nativos daquele país e perceba os olhares de reprovação. Confesso que muitas vezes sinto vergonha!

Quando estamos no exterior, mais do que indivíduos, somos embaixadores, somos representantes do nosso povo junto aos habitantes daquele outro país. Uma pisada de bola jamais será creditada ao Edu, ao Zezinho ou à Teresa. Ela será creditada ao povo brasileiro.

Durante a execução do hino nacional de um país, não há nada mais mal educado e desrespeitoso que vaiar, se retirar do recinto ou meramente estar fazendo qualquer outra coisa que não seja ouvir com todo o respeito.

Você pode até não gostar de argentinos, mas, PELAMORDEDEUS, quando tocarem o hino deles NÃO VAIE!!! Não será você que estará sendo grosseiro. Você estará mostrando que a grosseria é nossa, a do povo brasileiro! Sinceramente, não vale a pena! Há outras formas de sacanear com eles, sem ser mal educado.

Mas não é só o brasileiro que é mal educado e vou dar um exemplo.

Não tem nem duas semanas e fui à abertura do Campeonato Mundial de Patins sobre Rodas, aqui em Brasília. Argentinos e italianos dominaram a competição e ambos países vieram com delegações gigantescas.


Como parte da cerimônia de abertura, foi tocado um breve trecho do hino de cada uma das dezenas de delegações presentes. O Hino Nacional foi o último e tocado em sua totalidade. Pois foi só começar o nosso hino, que parte da delegação argentina começou a sair de fininho. Confesso que fiquei PUTO com a indelicadeza deles. Posteriormente, recebi uma “explicação” que pode até explicar, mas não justifica.

Como aqueles atletas seriam dos primeiros a se apresentarem, eles abandonaram a cerimônia para se prepararem para a apresentação.

Com toda a sinceridade? Se você não pode ficar até o fim da cerimônia, que não participe dela. Vinte atletas a menos na ENOOOOOORME delegação argentina não seria notado. Mas vinte atletas saindo no meio do Hino Nacional não apenas é notado como é uma BAITA GROSSERIA, por mais involuntária que tenha sido a atitude.

Ah, uma equipe italiana se apresentou antes dessa equipe argentina... e nenhum atleta italiano foi visto saindo durante a cerimônia.

Continuando com os argentinos, estava eu chefiando a delegação brasileira em uma reunião setorial de comunicações do Mercosul, quando entrou na sala o então Secretário de Comunicações Guillermo Moreno. Cumprimentou a todos, pediu que continuássemos as discussões e tocou com sua mão DIREITA no meu ombro DIREITO.


Caí na besteira de cumprimentá-lo com a minha mão ESQUERDA, na mão DIREITA que ele me tocava.

Ele nem deixou a “bola quicar” e emendou:

“- Eduardo, como é você, eu sei que não houve nenhuma má intenção. Mas aqui na Argentina cumprimentar com a mão ESQUERDA é sinal de DESPREZO!”

Não precisa nem dizer que fiquei pra lá de envergonhado e pedi mil desculpas pela minha indelicadeza, por mais involuntária que fosse.

Aprendi mais uma... que JAMAIS vou repetir!!!

Dei muita sorte de pegar o Guillermo Moreno (clique no nome para ler uma biografia "não autorizada" dele) em um dia de alto astral, porque ninguém consegue ser mais carne de pescoço, truculento e rude do que ele! Basta dizer que até a presidente Cristina Kirchner já chamou o atual Secretário (equivalente a ministro) de Comércio Interior de “El Malo” (O Vilão). Um indivíduo que vive às turras com empresários argentinos e, em especial, brasileiros!!!


Cerca de um ano depois desse episódio, ele mostrou toda a sua rudeza e truculência ao pedir que o meu chefe, hoje embaixador brasileiro em um país africano, APERTASSE AS MINHAS BOLAS!!! Isso por eu estar inflexível em apoiar, em uma reunião interamericana, as ridículas abobrinhas que ele defendia. Só rindo!!

E dei sorte, pois não apenas o meu chefe não apertou as minhas bolas, como não tive que passar pela experiência que um colega de um país vizinho passou. Ao chamá-lo no seu escritório, para “pedir” apoio, havia um revólver sobre a mesa do Moreno! E como aquela sutileza não “sensibilizava” esse colega, a coação passou a ser bem mais explícita!

Ah, lembra-se daquelas três palavrinhas mágicas? Delas, apenas o “bom dia” consta como original de fábrica no dicionário do Moreno!

Evitar que diferenças culturais causem problemas é uma arte!

É claro que não acertaremos sempre, mas não custa nada fazer uma forcinha, né?! Afinal, como diz o ditado “em Roma, como os romanos!”

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