segunda-feira, 6 de maio de 2013

México: Um pouco de história I



Veja também os demais posts da série “México”: “Día de Muertos”, “Chiapas”, “Mezcal tem gosto de festa...”, “Cañón del Sumidero”, “Dançando na Praça” e “O Cristo de Copoya

 
Se você perguntar para um brasileiro comum o que ele sabe do México, as respostas serão poucas e variadas.

Para os amantes do futebol, México significa o tricampeonato de 70, com uma seleção realmente insuperável, cujo maior expoente era Pelé.
Pra quem já beira os setenta anos, México é bolero. E vai cantar músicas como Besame Mucho, Cielito Lindo, Solamente una Vez, Noche de Ronda...

Para os fanáticos por televisão, México é sinônimo das novelas dramáticas e açucaradas do SBT. Ah, e do programa do Chaves também!
De quem sofre com um celular, talvez você ouça um monte de palavrões. Mas certamente ele não saberá dizer que a Claro e a Embratel fazem parte do império econômico do homem mais rico do mundo, o mexicano Carlos Slim.

Para quem gosta de viajar, México é Cancun e Cozumel.
Cancun
México é tudo isso, mas certamente MUITO mais. Talvez seja o país com a mais rica história de toda a América. País dos maias e astecas, de conquistadores, de revoluções e de um ex-presidente de origem indígena.

A presença do homem em terras mexicanas remonta há 20000 anos. Mas foi com os olmecas que surgiu a primeira civilização realmente digna de nota. Os olmecas chegaram por volta de 1500 AC e reinaram por 500 anos.
Enorme cabeça Olmeca
A próxima civilização de real importância foi a maia, que dominou todo o sul do México e norte da Guatemala a partir de 500 AC. Quem vai a Cancun, certamente visita as ruínas de Chichén Itzá, Uxmal e Tulum.
Ruínas de Toniná
No nosso caso, estivemos em Toniná e Palenque, duas enormes cidades maias onde menos de 5% das ruínas já foram escavadas. Todo o resto ainda está embaixo da terra, esperando o momento adequado para ser “descoberto”.
Ruínas de Palenque
Os maias desapareceram por volta de 800 a 900 DC. O motivo ainda é desconhecido, mas provavelmente a superpopulação esgotou os recursos naturais existentes, gerando fome e doenças.
Ruínas de Palenque
Enquanto isso, mais ao norte, outras civilizações prosperavam. A cultura mais importante era a zapoteca, que perdurou de 500 AC a 800 DC. Visitamos as ruínas zapotecas de Monte Albán, que chegou a ter 25 mil habitantes. Um local belíssimo. Vendo a grandiosidade do local, nem dá para acreditar que o morro onde se encontram as ruínas foi aplainado NA MÃO!!
Ruínas de Monte Albán
Mitla, outra ruína zapoteca que visitamos, foi posteriormente ocupada pelos mistecas, que deixaram esses belíssimos murais da foto abaixo, parecidíssimos com os da cultura grega.
Murais mistecas em Mitla
Mas nada, na época, superava a cidade-estado de Teotihuacán, que chegou a ter 125 mil habitantes. Abandonada em cerca de 650 DC, foi posteriormente ocupada pelos astecas.
Calzada de los Muertos com a Pirâmide do Sol ao fundo, em Teotihuacán
Os famosos astecas somente apareceram por volta de 1300, vindos do norte, e foi a última grande civilização mexicana, destruída em 1521 com a chegada dos conquistadores espanhóis.

Veja bem essa “sutil” diferença. Espanhol não é descobridor. Espanhol, para os mexicanos, é sinônimo de conquistador. E com o conquistador veio a destruição de uma civilização, junto com saques, doenças e a imposição de uma nova cultura.
Massacre dos astecas pelos conquistadores espanhóis
É por essas e por outras que o espanhol não é bem visto no México.

Aqui no Brasil, o português é o descobridor e tropeçamos em estátuas glorificando Pedro Álvares Cabral. A história do Brasil “começa” em 1500 e “nada” existia antes disso!
Descobrimento do Brasil
Pois eu lhe desafio a apontar uma única estátua mexicana em homenagem a Hernán Cortés, o primeiro espanhol a por os pés no México.

Hernán Cortés, conquistador do México


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