Veja também os outros posts da série "Preconceito": "Somos todos preconceituosos". "C'est porc monsieur!" e "Aceitação e tolerância não são sinônimas"
Na
década de 60 eu morei por oito meses em Pensacola, Flórida, enquanto meu irmão
fazia um curso de pilotagem de helicópteros na base aeronaval.
Pensacola
é a cidade mais a oeste da Flórida, na fronteira com Mississipi e Alabama. Em 1967 a luta pelos direitos
civis dos negros estava em plena ebulição, mas o racismo era muito forte naquela
região.
Manifestante da organização racista americana Ku Klux Klan |
Lembro-me
de meu irmão comentar ter ouvido de um oficial da marinha americana, ao conversar
sobre a luta dos negros pelos seus direitos:
– Não sei mais o que eles querem. Eles têm
escolas só para eles, praias só para eles, rádio só para eles... Só falta
quererem ser iguais!
Manifestação contra a integração de negros em escolas brancas |
É,
pensando dessa forma, fica realmente difícil entender toda a profundidade
daquele movimento que tinha em Martin
Luther King um dos seus expoentes máximos. E
eu estava lá quando ele foi assassinado.
Bebedouro para brancos e negros |
Junto
com a comoção nacional de brancos e negros, também era comum ouvir que Luther
King havia colhido o que tinha semeado. Isso eu ouvi de um professor na minha
escola. Mal sabiam eles que as sementes que ele havia lançado mudariam para
sempre os EUA e o mundo.
Martin Luther King, um ícone na luta pelos direitos dos negros |
Por
outro lado, a revolta pela morte de Luther King foi o estopim para que se
tocasse fogo em um barril de pólvora, que era a revolta do negro contra a
opressão do branco. Motins, quebra-quebras, saques e incêndios pipocaram por
todo o país.
A morte de Martin Luther King foi o estopim para um grande número de distúrbios de rua |
Visitamos
Washington uma semana após o início dos distúrbios, mas ainda me lembro de
ouvir, com muita frequência, as sirenes dos carros de bombeiros, de ver as
tropas da Guarda Nacional patrulhando ostensivamente a cidade e de ver muitos,
mas MUITOS quarteirões arrasados pelos incêndios causados pelos distúrbios de
rua.
Nos ônibus, os lugares do fundo eram reservados aos negros. Mas tinham que ceder seus lugares caso faltasse assento para um branco |
Mas
se o preconceito e a discriminação contra as minorias são profundamente
condenáveis, o reverso da medalha é passível das mesmas críticas e reprovações.
Na minha forma de ver, não será com atitudes agressivas do tipo “vocês vão ter
que me engolir”, que homossexuais, negros e outros grupos discriminados conquistarão
simpatia e aceitação.
Racismo é racismo, não há diferença! |
Nenhum comentário:
Postar um comentário