segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Miami: Comprando o carro dos sonhos


Veja também os outros posts da série “Miami”: “Bye bye Brasil!!!”, “Lidando com a imigração”, “Conjugando o verbo 'muambar'!!!”, “Sunny Isles Beach” e "Days of Thunder!"

Como sonhar não paga imposto (AINDA!!), não custa nada deixar a mente voar!

Já imaginou você em um Porsche Boxster conversível zerinho!

- É MUITA areia pro meu caminhão!, diria você.
Simulação de financiamento de um Porsche Boxster conversível zerinho
É óbvio que é muita areia pro seu caminhão! Você mora no Brasil, um país que se autodenomina paraíso, acha que funk é música, votou no molusco pois achou que ele era honesto, acaba de reeleger o poste, jura que o Mensalão não existiu, paga sorrindo juros que fariam os agiotas do passado se escandalizarem e continua achando uma delicia entregar de mão beijada ao governo os mais altos impostos da galáxia, em troca de... NADA!
Ferrari F355 de 1995 - US$46.995
Mas se você morasse nesse país horrível e cheio de otários chamado EUA, ter um Porsche seria algo absolutamente normal.

Acontece que você é ixxxperto e ter Porsche é coisa de otário! Bom mesmo é andar de Gol, de Palio, de Celta... e pagar preço compatíveis aos de um Porsche!!!
Ferrari conversível de 1988 - US$29.900
É óbvio que você já viu a ilustração acima que mostra uma simulação de financiamento e já deve estar se mordendo de raiva! Mas vamos lá, acompanhe o meu raciocínio e veja se essa conta cabe no seu bolso.

Você vendeu seu carro pra concessionária por US$ 15000, entrou com mais US$ 5000 e financiou seu sonho conversível em 60 meses. Prestação mensal?! Cerca de US$ 571,13 ou aproximadamente R$1500, em reais.
Rolls Royce conversível de 1977 - US$49.500
Tá duvidando? Entre no site https://my.porsche.com/usa/accessoriesandservices/porschefinancialservices/paymentestimator/ e faça as suas próprias simulações!

Mas se um carro zero é um sonho ainda inatingível, por que não extrapolar nosso sonho com um usado?
Rolls-Royce de 1999 - US$49.000
Que tal uma Ferrari conversível 1988 com apenas 35000 milhas rodadas por menos de US$ 30000?

Ou uma Ferrari F355 1999 por US$ 47000?

Ou quem sabe um belo Rolls-Royce Silver Seraph ano 1999 por US$ 49000?
Jaguar de 2009 - US$24.988
Lembra-se do Porsche Boxster do exemplo acima? Pois um usado ano 2000 estava sendo vendido por US$ 11000.

Tá duvidando? Então entre no site da http://www.cars.com/ e pesquise seus sonhos até morrer de ódio!!
Porsche conversível de 2000 - US$10.980
Como carro para mim é apenas um veículo de locomoção, meus sonhos são bem mais simplórios. Compramos um Honda Accord 2007 por US$ 10500. Daqui a dois anos eu darei um upgrade.
Nosso Honda Accord 2007
Caro mesmo ficou o seguro e ninguém sai da concessionária sem ele. Por aqui eles estão pouco se lixando para o valor do veículo, pois o roubo de carro é mínimo. O problema é o seguro contra terceiros. E como eu e a Mary não temos histórico dentro dos EUA, nem residência permanente ou carteira de motorista local, somos considerados risco máximo! Pagamos cerca de US$ 500 de entrada e mais uns US$ 200 de parcela mensal, cobrindo ambos como motoristas. Isso no primeiro ano, o que deu cerca de uns US$ 3000. Na renovação que fizemos esse ano o valor caiu para cerca de US$ 1900.
IPVA da Flórida -  a exorbitância de US$ 58,35
Por outro lado, o IPVA daqui vence na sua data de aniversário. Fiz a renovação em fevereiro passado. Paguei a EXORBITÂNCIA de US$58,35 pelo IPVA da Flórida! Paguei “com raiva” por ter sido “explorado”! Ah, que saudades do nosso IPVA, tão barato e que ajuda na conservação de nossas “impecáveis” estradas da propaganda oficial!!!

Agora, pense bem, quem é mesmo o babaca, o panaca, o otário?! O americano?! Tolinho!!!

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Miami: Days of thunder!



Veja também os outros posts da série "Miami": "Bye bye Brasil!!!", "Lidando com a imigração", "Conjugando o verbo 'muambar'!!!" e "Sunny Isles Beach"


Quem gosta de automobilismo certamente viu um filme sobre a Nascar, estrelado por Tom Cruise, Nicole Kidman e Robert Duvall! Foi um filme de 1990, chamado de "Dias de Trovão" (Days of Thunder na versão original). Como todo filme de Hollywood, a coisa está "romanceada" e a pancadaria que acontece na pista não ocorre dessa forma na vida real. Mas o espírito da coisa está bem representado pelo filme. Se quiser um aperitivo, clique aqui!
Jeff Gordon no carro 24
Muito mais emocionante é ver uma corrida da Nascar ao vivo!!! Realmente, é experimentar no corpo e na alma a vivência de um dia de trovão!
Kyle Larson nos boxes
Como a última corrida do campeonato acontece por essas bandas, resolvi acessar o site sem nenhuma pretensão. Me impressionou a organização.
Pelo site do autódromo pude saber, previamente, a visão que teria da pista
Pode-se "ver" a pista de cada arquibancada e saber os preços para cada assento e pacote disponível. Levando em consideração que o ingresso mais barato do GP de Fórmula 1 no Brasil passa dos R$500, não achei os preços da Nascar exorbitantes.  
Ingresso personalizado impresso em casa logo após a compra
Como o "sem pretensão" já tinha virado uma excitação completa, comprei um ingresso por US$75 (cerca de R$170). Escolhi a arquibancada, a fila e o assento, depois de checar a visão que teria da pista. Completada a compra, imprimi o meu ingresso. Mais fácil que isso, só mesmo tirar pirulito de criança.
Matt Kenseth
Como o Homestead International Speedway fica longe pacas de casa, no dia da corrida saímos bem cedo. Organização impecável da auto estrada até o estacionamento, que era gratuito e SEM FLANELINHA!
Clint Bowyer nos boxes
A corrida toda é um grande show. E começa bem antes da largada, com shows em dezenas de barracas de patrocinadores distribuindo lembrancinhas, camisetas, bonés, entre mil outros badulaques. Quem já esteve na Stock Car sabe do que estou falando. Agora imagine isso multiplicado por 10!!!
Bandeira verde!
E tem show de rock e música country, salto de paraquedistas trazendo a bandeira americana, pilotos sendo apresentados como artistas de Hollywood, desfile dos pilotos pela pista, tudo é motivo para divertir os torcedores!

Mas é a corrida, propriamente dita que é o grande show do dia!
É de arrepiar!

Além do barulho dos motores que mexe fundo com o mais insensível dos torcedores. A corrida teve de tudo, culminando com a explosão do pneu do carro do Paul Menard bem na nossa frente!
Explosão do pneu do carro de Paul Menard
Bandeira quadriculada, vitória de Denny Hamlin, mas Jimmie Johnson fez história ao vencer seu sexto título da Nascar.

E como todo bom show que se preza, terminou com fogos de artifício!
Jimmie Johnson comemorando o seu sexto título da Nascar
Saímos de lá com um sorriso que dava duas voltas no rosto. Valeu cada centavo que pagamos. Pagaria o dobro!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Oeste dos EUA 2014 – Matusalém


Veja também os demais posts da série “Oeste dos EUA- 2014”: Dia 0, “Começou torto!”, "Rota 66", "Navajo Nation", "Um lago ancestral" e "Pelas frestas do Arizona

Imagine um ser que nasceu durante a regência do faraó egípcio Pepi II, há mais de 4200 atrás. Mas sobreviveu a ele, para ver o código de Hamurabi, o nascimento de Cristo, a descoberta da América, a bomba de Hiroshima, o homem na lua... e ainda viu o Edu passar por perto sem que esse ser fantástico fosse reconhecido!
Oeste dos EUA - Ancient Bristlecone Pine Forest
Antes que você ache que fumei maconha estragada, esse ser EXISTE!!! Existe, é uma árvore e se chama Methuselah (Matusalém). Junto a ela, outras 17 árvores têm mais de 4000 anos de vida, sendo que uma delas, chamada de “Bisavô”, tem mais de 4600 anos.
Sierra Nevada vista das White Mountains
Esse milagre da natureza é o “bristlecone”, um tipo de pinheiro conhecido cientificamente como  Pinus longaeva.
Típico "bristlecone" - lindamente retorcido!
O "bristlecone" tem algumas características impressionantes. Primeiro, como já falei, é a sua longevidade. Passa fácil dos 3000 anos. A segunda é sua fantástica resistência às adversidades. Cresce em terreno árido e pedregoso, em grandes altitudes (acima de 2500m), resiste ao fogo e a secas prolongadas. E o mais curioso: quanto maior a adversidade, maior a sua longevidade!
Note o solo árido e pedregoso onde o "bristlecone" vive
A datação é feita através do exame microscópico dos anéis de crescimento. Anos de fartura, anéis mais largos. Anos de seca, anéis mais finos. O mais interessante é que o estudo desses anéis, em diversas árvores e de regiões diferentes pode ser uma espécie de registro fiel do clima dos últimos milênios!
A idade de uma árvore é medida pelo número de anéis de crescimento
Visitei a Ancient Bristlecone Pine Forest (N 37.385646° W 118.179104°), uma reserva florestal que fica nas nas White Mountains, na Califórnia. Essa reserva protege a maior floresta de “bristlecones” dos EUA.
Detalhe do tronco
Para quem já viu uma sequoia, pode imaginar o “bristlecone” como uma árvore portentosa. Muito pelo contrário! Não passa de 10 metros de altura e mais parece um ancião que tem seu corpo retorcido, marcado pelos duros anos de vida. Para nós, fotógrafos, seu tronco e galhos retorcidos, são uma dádiva em termos visuais!
Uma típica árvore longeva, provavelmente com mais de 3000 anos
O impressionante é que, muitas vezes, a árvore parece morta, mas está apenas adormecida, poupando-se das dificuldades que a vida lhe impõe. Tão logo seja possível, irá nascer um novo ramo e produzir pinhões, que darão sementes a novas árvores.
Bela flor do campo
Tudo isso é lindo! O duro mesmo foi fazer a tal de Methuselah Walk, uns 7km de trilha entre 3000 e 3500m de altitude. O “jovem” aqui embarcou nessa aventura e acabou cuspindo o seu pulmão no meio do caminho.
Detalhe de uma raiz
Peço encarecidamente a todos os que, por acaso, forem fazer essa trilha: se acharem o meu pulmão perdido, favor devolver!!!
Ancient Bristlecone Pine Forest - um passeio imperdível entre os seres vivos mais antigos do planeta!


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Mergulhando pelo mundo – Eagle e USS Arizona

Veja também os outros posts da série “Mergulhando pelo mundo”: "Afinal, o que é mergulhar?", “SS Sapona e Castor”, “Rosalinda e Pinguino”  e "Captain Slate"


Nem sempre o afundamento de um barco se dá por acidente. Muitas vezes eles ocorrem de forma planejada.

Um naufrágio criminoso, por acaso? Não, completamente legal, planejado e autorizado.

A essa altura você estaria se perguntando por quê raios alguém resolveria afundar um navio? Muito simples, para transformá-lo em um ponto de visitação turística.

Os barcos são comprados, limpos (para evitar que possam agredir o meio ambiente), preparados (para evitar que determinadas peças possam oferecer perigo ao mergulhador) e afundados com toda a pompa e circunstância em locais predeterminados, onde passarão a servir ao turismo local. Essa prática, que pode ser considerada uma aberração aos olhos xiitamente vesgos dos eco-chatos, é muito comum lá fora.
O cargueiro Eagle
Esse naufrágio, após alguns anos, se transforma em um recife artificial. Ao casco do navio aos poucos vão se agregando cracas, corais, esponjas, algas... aparecem peixinhos que deles se alimentam... e peixes maiores que comem os peixinhos... e tartarugas, arraias, moreias, barracudas, tubarões... e os mergulhadores, que extasiados com a beleza do mergulho, enchem a burra do comércio local, que fica feliz da vida. 

Se todo naufrágio é um universo cheio de vida, por que não podemos dar uma ajudazinha à natureza?!
Parte superior do casario do Eagle
Visitei em 1990, em Lower Matecumbe Key, Flórida, um desses naufrágios provocados: o cargueiro Eagle. Com mais de 90 metros de comprimento, o Eagle pegou fogo e foi declarado como perda total. Um grupo de comerciantes, em conjunto com a Secretaria de Turismo do Condado de Monroe, investiu US$10,000 na compra, limpeza e afundamento do barco. Tendo mergulhado no Eagle menos de 5 anos depois de seu afundamento, ainda não havia aquela profusão de vida que acostumamos ver nos naufrágios mais antigos. Por outro lado sua visão é majestosa, é imponente! Foi um daqueles mergulhos que nunca me esquecerei!
Naufrágio do Eagle, na Flórida
Mas o navio naufragado mais famoso que já visitei não foi através de mergulho, mas no seco e acima d’água. Foi o naufrágio do histórico USS Arizona, no porto de Pearl Harbor, no Havaí, hoje transformado em um monumento à memória daquele dia de dezembro de 1941 em que o Japão atacou os Estados Unidos, empurrando os americanos para dentro da Segunda Guerra Mundial.
Vista aérea do Memorial, com o USS Arizona por debaixo
A destruição do USS Arizona foi provocada por uma única bomba, que penetrou seu convés, indo explodir no paiol de munições. A destruição foi cataclísmica e nela morreram 1177 dos 1400 praças e oficiais que estavam a bordo. Sobre os seus destroços foi construído um monumento em memória às vitimas. 

Desnecessário dizer que a visita ao USS Arizona é uma experiência repleta de emoção. Ver as lágrimas dos veteranos americanos e japoneses ao visitar o monumento marca profundamente o mais insensível dos homens e nos faz pensar na insanidade das muitas vidas perdidas nas guerras que as nações insistem em provocar.
O USS Arizona em chamas durante o ataque a Pearl Harbor
Mas se a Marinha Americana foi à lona em Pearl Harbor, a batalha de Truk Lagoon levou a Marinha Japonesa ao nocaute em 17 de fevereiro de 1944, exatos nove anos antes do meu nascimento.
Restos de um caça japonês Zero, em Truk Lagoon
Truk Lagoon fica na Micronésia e, devido a profundidade de suas águas e a segurança fornecida pelo recife que circunda o atol, era um porto natural, transformado na mais importante base naval japonesa durante a Segunda Guerra Mundial. Na batalha foram afundados mais de 60 navios e 270 aviões. Até hoje alguns desses naufrágios ainda não foram descobertos.

Seja como for, é um dos meus sonhos dourados de mergulho mundial, que espero um dia ainda realizar.
Tanque em um dos muitos navios japoneses afundados
Outra área repleta de naufrágios, que ainda espero mergulhar, fica aqui no Brasil: o Parcel Manoel Luís, no litoral do Maranhão, ainda hoje temido pelas suas fortes correntezas que jogam os navios contra os recifes de coral.
Outro Zero, caça japonês, afundado
Foi nesse parcel que afundou, em 1862, o navio Ville de Boulogne. Nesse naufrágio todos sobreviveram, exceto o poeta Gonçalves Dias, famoso pelo seu poema “Canção do Exílio”. 
Mapa de parte dos naufrágios no Parcel Manoel Luís, no Maranhão
Nele o poeta fala “Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá ... Não permita Deus que eu morra, sem que eu volte para lá.” 

Pois é, não deu, né!!