Costumo dizer brincando que quem não passou pelo pronto-socorro quando era criança não teve uma infância feliz. Talvez, na era do vídeo-game e das crianças que só conhecem vaca pela TV, isso possa parecer uma baita estupidez. Mas quem teve uma infância de subir em árvores, jogar bola em terreno baldio, fazer guerra de mamona, procurar caju em pleno cerrado, brincar de pique-esconde em obra abandonada, galopar a cavalo, de ficar zoando com o pastor alemão do vizinho, entende do que estou falando. Com toda certeza já passou pelo menos uma vez no pronto-socorro para tomar vacina antitetânica, vacina anti-rábica, colocar o braço no gesso, tomar meia dúzia de pontos na testa... O mais incrível é que sobrevivemos! E fomos felizes, muito felizes!!
Viajar é algo semelhante. Quem viaja sempre se depara com pequenas roubadas. Na hora elas fazem a gente ferver de raiva, mas depois acabam sendo motivo de muita risada.
Duvido que você nunca tenha recebido aquele pedido irrecusável da esposa do chefe para comprar um filhote de elefante, logo na primeira escala de uma viagem ao exterior, para ter que arrastar o traste por longos 30 dias de férias...
– Sabe, não quero incomodar! Compre só se não der trabalho!
Apesar de ter ganas de voar no pescoço da megera, você sorri e diz:
– Que nada, Dona Fulana, vai ser um prazer!
Nesses casos, o melhor é agir como recomenda o Ricardo Freire (Ricardo Freire, Viaje na Viagem, 3ª edição, Editora Mandarim, 1999) - diga não e ponto final! O pior é que nem sempre se pode dizer não. Às vezes, o melhor é voltar com as mãos abanando e dizer com a cara mais deslavada possível:
– Bem que procurei, sabe, mas não consegui encontrar!
As pequenas roubadas que um viajante encara são dos tipos mais variados possíveis!
Por exemplo, nos dias de hoje ninguém ousa viajar sem cartão, mas... Mas só quem teve um cartão de crédito recusado sabe o desconforto que é ouvir o tradicional “houve um problema senhor, mas seu cartão foi recusado” e ter que suportar aquele olhar de “que carinha pilantra, hem!” que o lojista ou o garçom lhe dirige. O pior é que nessas horas ninguém, nem o companheiro de viagem, vai acreditar que o problema é de qualquer um, menos seu, e que o saldo no cartão recusado está pra lá de positivo!!
Não sei se é o seu caso, mas eu já passei algumas vezes por essa desagradável situação. Uma delas foi em um restaurante de Florença, onde TUDO deu errado. Apesar do restaurante ter sido bem recomendado, demorou uma barbaridade para conseguirmos mesa, outra eternidade para sermos atendidos, mais três horas para vir o prato... que veio errado. Fomos reclamando, reclamando, reclamando até o pagamento da conta. Não sei se foi vingança ou picuinha deles, mas o cartão foi recusado e tivemos que pagar a conta em dinheiro. No dia seguinte, em outro local, o cartão passou sem problemas. É por essas e por outras que não é prudente confiar apenas no uso do dinheiro plástico. Ter um certo valor em moeda local para cobrir esses tipos de emergências é mais que prudente! É fundamental!
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