sexta-feira, 27 de maio de 2011

Pequenas roubadas IV – conjugando o verbo goiabar

Veja também os posts "Pequenas roubadas I - cartão de crédito recusado", "Pequenas roubadas II – mais cartão de crédito" e "Pequenas roubadas III – bagagens perdidas e overbooking"


Bem diz o ditado, que esperteza, quando é muita, engole o dono! Em pleno século XXI ainda encontramos países onde a diferença entre o câmbio oficial e o paralelo é estratosférica. Nós, brasileiros de cabelos grisalhos, já vivemos esse pesadelo em um passado nem tão distante assim. Mas uma coisa é lidar com o câmbio paralelo no seu país natal. Outra coisa é você trocar dólares no meio da rua em Luanda, Caracas ou até mesmo em Buenos Aires. É furada na certa!

Em plena época da Guerra Fria, um colega meu visitou Praga, que vivia as “delícias” de uma economia rigidamente controlada pelo Estado. A cotação do câmbio oficial era obviamente uma peça de ficção... algo próximo a uma obra de terror trash, enquanto o mundo real, refletido no câmbio paralelo tinha uma cotação muito diversa daquela. Não resistiu à tentação de fazer o câmbio no meio da rua numa daquelas cotações que nem sua mãe consegue lhe oferecer!! É claro que uma oportunidade dessas “não se perde”... e aproveitou para trocar uma bolada!! Não deu outra, trocou dólares quentes por um bando de notas frias que não valiam absolutamente NAAAAAADA!

Compras podem ser satisfação em estado puro, mas algumas vezes vêm com uma roubada embutida. Lá em casa temos uma expressão conhecida como “comprar goiaba”. Goiaba é aquela coisa que você compra como solução para todos os seus problemas e que depois, quando você cai na real, você chega e diz para si mesmo:

– Onde eu estava com a cabeça quando eu comprei essa trapizonga!

Goiaba é, no fundo, um produto digno das “Organizações Tabajara”! A compra é tão ridícula que acaba virando folclore! Segundo minha esposa, maior “goiabeiro” que eu não existe! Pura intriga da oposição!! Tá legal que vira e mexe eu sou dado a umas compras um tanto “heterodoxas”, mas...

Quer um exemplo? Comprei em Washington um instrumento que é conhecido lá em casa como “raspador de meleca”! Tá rindo? Sabe aquela gosma de cola plástica que fica grudada no vidro do seu carro quando você retira aquele adesivo colante? Ou aquele decalque que seu filho pregou na janela e não tem santo que consiga tirar? Pois o meu “raspador de meleca” tira! Tanto tira que o pessoal lá de casa, apesar da gozação, vive me pedindo emprestado. O famoso raspador nada mais é que uma lâmina de aço afiada e sua eficiência é de 100%. É só passar bem rente ao vidro que essas gosmas e decalques somem. Concordo que sua utilidade é pra lá de específica, mas que funciona, funciona!

Outro exemplo famoso de goiaba é a minha “máquina de fazer buracos”! Não existe casaco de lã, meia ou camiseta que não viva entupida de bolinhas, concorda?! Pois a minha “máquina de fazer buracos” é a solução para os seus problemas! Nada mais é que um “barbeador” de bolinhas que funciona à pilha! Você passa o aparelho em cima da blusa, da meia ou do agasalho e as bolinhas somem como por encanto!

Mas cuidado! Mantenha a peça de roupa bem esticada, pois caso contrário... CROC!! Se bobear ela come vorazmente não apenas as bolinhas, mas também um pedaço da sua roupa!! Gente, até eu aprender que a roupa tem que ficar BEM esticada, detonei, para desespero da minha esposa, uma meia dúzia de camisetas e outro tanto de meias. Daí o nome de “máquina de fazer buracos” que ela deu ao meu precioso e utilíssimo aparelho.

Ela não reconhece nem sob tortura, mas eu sei que pega a maquininha emprestada quando eu não estou por perto!

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