terça-feira, 23 de agosto de 2011

Portugal e Espanha - Considerações ibéricas

Veja também os posts "Portugal e Espanha – Voltarei, como peregrino!", “Portugal e Espanha – Foi daqui que saímos!" e “Portugal e Espanha – A lenda do galo de Barcelos".

Depois de 12 dias rodando por Portugal e Espanha, tenho alguns comentários a fazer.

Antes de sairmos de viagem, os mercados tremeram ante a possibilidade da Espanha vir a quebrar. Bem, por tudo que vi por aqui, se a Espanha pode quebrar, então Portugal está pra lá de falido!

Tirando eventuais laços sentimentais com a pátria mãe, acho que Portugal perde de 10x0 em qualquer comparação com a Espanha, seja nos dias de hoje como quando se compara o passado.

A riqueza e poderio espanhol em relação a Portugal é notório. Tanto é que Portugal muitas vezes esteve sob ameaça ou sob dominação do país vizinho... nunca o contrário. Aljubarrota que o diga!

Basta cruzar a fronteira para perceber isso: a imponência dos edifícios, novos e antigos, diminui sensivelmente; a sujeira aparece (e COMO APARECE!!!); idem para a abominável instituição dos flanelinhas; e some por completo qualquer senso de modernidade.

Tenho a sensação que Portugal parou no tempo, lá pela década de 60 do século passado. É um país arcaico, enquanto percebe-se que a Espanha busca reinventar-se e lançar-se, cada vez mais, em um mundo globalizado.

E em Portugal, as ruas estão IMUNDAS! Como fedem!!! Eu e a Mary estamos sempre sendo perseguidos por um desagradável cheiro de cocô de cachorro, olhando a toda hora para a sola do sapato para checar se pisamos em algo desagradável. Não, felizmente ainda não pisamos em nada, mas, como a presença de “cacos de vidro” é constante, o mal cheiro no persegue por onde andamos!

Ah, mas tem duas coisas que Portugal tem mais, e bem mais que a Espanha: pedágio a cada curva da estrada e um preço exorbitante na gasolina, cerca de 20% mais!!!

Duas coisas que parecem que viraram passado no Brasil são marcantemente presentes por aqui, e dos dois lados da fronteira: o costume de fumar e o uso intensivo de fritura na culinária! Gente, como se fuma por essas bandas!!! E como se come fritura! Não aquela fritura sequinha e crocante, mas esponjinhas banhadas de óleo! Aaarghhh!!!!

Outra coisa é muito comum por aqui e nos dois lados da fronteira: a pouca vontade em tratar bem o cliente nos restaurantes. E olha que temos ido a restaurantes recomendados por viajantes que postam comentários no site Trip Advisor! O serviço é normalmente frio e seco, dando a sensação de que eles estão fazendo um grande favor em atender vocês. Não foram raras as vezes em que pagamos a conta e não incluímos os 10%

Só como exemplo, vou citar o que aconteceu HOJE, em Sintra, cidade que é uma jóia do turismo português e que está ENTUPIDA de turista. Sob forte risco de chuva, quisemos sentar em uma área coberta de um restaurante para jantar. Fomos impedidos porque aquela área só abriria às sete e “ainda” mal passava das seis.

O restaurante vizinho estava VAZIO, mas fomos impedidos de sentar lado-a-lado em uma mesa de quatro lugares. Argumentei que desocuparíamos a mesa MUITO antes do restaurante começar a encher e que queria namorar a minha esposa. O garçom foi irredutível, mesmo quando falei que ele estava perdendo o cliente. Foi aí que veio o gerente e disse pro garçom: “deixe que ele se vá”!

Com algum stress na escolha da mesa, prerrogativa do garçom, onde você não tem direito a pitaco, conseguimos finalmente jantar. A comida não era nenhuma Brastemp, apesar de serem dois pratos típicos da culinária portuguesa: Bacalhau às natas e Bacalhau ao Brás. Mas a surpresa, veio na hora de pagar. Mesmo com uma conta de 35 euros, eles não aceitavam cartões de crédito, apenas pagamento em dinheiro!!! Paguei bufando, o garçom ficou sem os 10% e esses restaurantes ainda receberão comentários meus nada recomendáveis dentro do Trip Advisor!

Apesar de ter uma vocação turística fantástica, parece que Portugal ainda não despertou para o potencial de geração de empregos desse setor, mesmo com uma taxa de desemprego lá na estratosfera. Talvez por ser um dos países mais baratos da Europa, o turista vem para aqui aos milhares, mesmo sabendo que as atrações turísticas estão abandonadas, as ruas pra lá de sujas e que será mal tratado!

Sinceramente? Eu tô contando os dias para chegar em Sevilha!


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