terça-feira, 30 de agosto de 2011

Portugal e Espanha - Mais parece novela da Globo!

Veja também os posts "Portugal e Espanha – Considerações ibéricas", “Portugal e Espanha – Vale tanto quanto uma tripa!" e “Portugal e Espanha – Tromba rija!".

A cada dia que passa está mais difícil de acordar! E quando amanhece nublado bate uma preguiça...

O pior é que o dia seria bastante movimentado, com muita coisa para visitar e chão para percorrer. Mais que isso, o dia estaria repleto de intrigas, traições, assassinatos, lutas encarniçadas... todos os ingredientes para uma boa novela da Globo! Mas seriam apenas capítulos da história portuguesa. Como o dia prometia, o jeito foi sacudir a lezeira e cair na estrada.

Nossa primeira parada foi no Mosteiro de Batalha, merecidamente uma das 7 Maravilhas de Portugal.

Plim! Plim!!! Início da primeira novela!

Em 1383 morre Dom Fernando I, último rei da dinastia de Borgonha. Fernando tinha uma única filha, que era casada com o rei da Espanha. Com isso, Portugal corria o risco de perder sua independência.

Quais as opções disponíveis? Dois filhos homens de Dom Pedro I com Inês de Castro (vide a próxima novela, no horário de Alcobaça) e João, filho ilegítimo de Dom Pedro I, pai de Fernando, com uma nobre espanhola.

Com os meio-irmãos presos pelo rei de Castela e com Portugal sendo invadido pela Espanha, João assume a regência e a incumbência de manter a independência de Portugal. Com a ajuda dos aliados ingleses, João vence os espanhóis na Batalha de Aljubarrota e proclama-se rei de Portugal, sendo o primeiro rei da dinastia de Avis.


Em agradecimento à vitória sobre os espanhóis, Dom João I manda construir o belíssimo Mosteiro da Batalha, uma obra em estilo gótico onde busca afirmar o poderio e riqueza da dinastia que se iniciava.


A Capela do Fundador, onde estão os túmulos de D. João I e sua esposa, é de uma beleza arquitetônica indescritível.



No entanto, aquela que seria o espaço mais majestoso do Mosteiro de Batalha, o Panteão de Dom Duarte ou Capelas Incompletas, jamais chegou a ser terminado. Mesmo assim impressiona pela sua grandeza e riqueza de detalhes.


Plim! Plim!!! Rede Gloooobo!!!

Dali fomos para Alcobaça, onde seu famoso mosteiro também está na lista das 7 Maravilhas de Portugal. Tem bagagem histórica para estar na lista, mas como monumento não é essa cocada toda!


Vale muito mais como história e estória, onde conteúdo não falta pois lá estão os túmulos dos eternos apaixonados Pedro I, rei de Portugal, e Inês de Castro, nobre espanhola, coroada rainha depois de morta em meados do século 14.

É a mesma Inês imortalizada nos versos de Camões: “agora é tarde, Inês é morta”!

Plim! Plim! Início da próxima novela, que se passa a três reinados antes da novela anterior!

Por necessidades de alianças políticas, o futuro rei Pedro I, teve que casar-se com Constança Manuel, filha de poderoso nobre espanhol. No séquito da nobre espanhola veio Inês, com a qual Pedro se apaixonou e se tornou amante.

Vendo as frágeis relações de Portugal com a Espanha em perigo pelo romance de Pedro e Inês, o rei Afonso IV exila Inês no país vizinho. A solução durou pouco tempo, pois Constança morreu ao dar a luz ao futuro rei Fernando I (vide a novela anterior!).

Com Pedro viúvo, Inês retorna do exílio e retoma o romance com Pedro, longe da corte. Juntos tiveram quatro filhos.

No entanto, o rei Afonso IV, certo de que Inês continuava a representar um real perigo, decide mandar matá-la, aproveitando-se da ausência de Pedro em uma excursão de caça. Revoltado com a morte da esposa, Pedro foi à luta contra o pai, em uma guerra civil que somente terminou em 1355 com a intervenção da mãe.

Dois anos mais tarde Pedro se torna rei e legitima Inês como rainha. Manda exumar o cadáver de Inês e, em uma cerimônia, obriga toda a corte, que se opunha a ela, a beijar sua mão em decomposição. Desnecessário dizer que os criminosos foram perseguidos, presos e executados... da forma mais cruel possível!

Pedro nunca mais se casou e mandou construir dois maravilhosos túmulos, colocados um diante do outro no mosteiro de Alcobaça, para que sua primeira visão no dia do Juízo Final, fosse a de Inês!



É, ele não se casou mas nem por isso deixou de ter os seus romances, embaralhando por completo os rumos da futura sucessão real em Portugal (vide novela anterior).

Plim! Plim!!! Parece novela da Globo, mas não é!

Nossa próxima parada foi a belíssima e charmosa cidade de Óbidos. Uma grata surpresa em nossa passagem por Portugal.


Cercada de muralhas medievais e repleta de estreitas ruelas, em Óbidos se respira turismo. Dentro da cidade amuralhada todas as casinhas são pintadas de branco, adornadas com faixas amarelo ou azuis. Isso dá um visual diferente e um charme especial à cidade.


Em uma casinha encontramos uma loja de artesanato, na seguinte um antiquário, na outra um restaurante, mais adiante um atelier de cerâmica... Numa pracinha um conjunto toca um delicioso jazz instrumental. Na igreja, a saída de um casamento (cacilda, como tem casamento nessa terra!). Ah, ia me esquecendo: e tome turista; turista às centenas!!!


Qual o único problema de Óbidos? Bem, o nublado da manhã tinha ficado bem mais forte e começava a chover. Não era nenhuma chuva que impedisse o passeio, mas sempre estraga a brincadeira.

Fechamos o dia em Sintra, mas disso a gente fala no próximo post.

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