sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Taxi Driver IV - Lima e Washington



Tudo bem, você pegou um táxi e tem o endereço do destino à mão...

Endereço?! Mas para que endereço? Em muitas cidades dos países da América Central apenas as grandes avenidas têm endereço. Para o resto se usa referências físicas. Você quer ir à casa de um amigo e diz ao motorista do táxi:

– Miraflores 35. Cuarta a la izquierda. Volver a derecha en Panadería Gómez. Octava morada.

É mole?! O pior é que algumas vezes a Panadería Gómez já fechou tem três anos e ali agora é um bar. Mas ficou por tanto tempo por ali que virou referência para o local.

Se você está duvidando, entre no site do Booking.Com, coloque Managua (sem acento) e cheque os endereços dos hotéis.

Outra cidade complicada é Washington. Como não existe taxímetro, nem tente adivinhar o valor de uma corrida, pois nem os americanos têm essa ousadia. A capital americana é dividida em zonas (o que a torna, literalmente, uma zona!). Uma corrida dentro de uma mesma zona custa X dólares. Se incluir duas zonas custa Y. Três zonas outro tanto e por aí vai. Simples? Nananinanã, meu caro!
 


O problema é que apenas os taxistas sabem onde inicia uma zona e termina a outra. Além disso, se você está na fronteira de uma zona com outra pagará bem mais caro por uma corrida de dois quarteirões que ficar rodando por duas horas ao redor de um mesmo quarteirão! O pior é que o taxista sempre arruma um jeitinho de incluir uma zona a mais na sua corrida.

Nem ouse reclamar, pois 99% dos taxistas de Washington são de origem etíope... e pelo jeito que se ajudam, fazem parte da mesma família. Se criar confusão, em pouco tempo vai ter mais etíope ao seu redor que em Adis-Abeba. Como resto dos etíopes de Washington são porteiros de hotel, inevitavelmente o táxi que ele chamará será o de algum camaradinha amigo dele. Ah, ia me esquecendo, as instruções de um para o outro sempre são dadas em etíope! Você entende etíope? Não?! Nem eu! Captou a “sutileza” da situação?!

Pegar táxi em Lima é uma experiência folclórica, diferente de tudo o que você já passou no mundo dos táxis. Lá, qualquer motorista comum pode ser taxista e qualquer veículo pode ser táxi. Devido aos altos índices de desemprego em Lima, o governo de Fujimori desregulou a função de taxista criando um verdadeiro “liberou geral”!


Assim, basta o indivíduo comprar uma plaqueta TAXI em qualquer banca de jornal, colocá-la no para-brisas do seu carro e ele acaba de virar o mais novo taxista de Lima. A partir daí, a caminho do seu trabalho, basta ele atender os sinais dos possíveis clientes. Se o cliente quiser ir para um destino diferente do dele, é só pedir desculpas delicadamente, informar que infelizmente esse não é o caminho que ele está seguindo e sair de fininho! Como não existem taxímetros, o custo de cada corrida tem que ser devidamente acertado com o taxista, o que demanda algum tempo e tarimba negociadora por parte do cliente.

Pronto, aleluia, você finalmente conseguiu um táxi que ia para o mesmo lugar que você e conseguiu acertar o preço da corrida. Terminou sua sina? Nem um pouquinho, meu caro. Não se espante e nem reclame se o taxista parar no quarteirão seguinte e pegar mais um passageiro. Por lá os táxis são tipo lotação e você não tem qualquer exclusividade de ser o único cliente.

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