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Saímos de Lisboa lá pelo meio dia, com destino à Évora. No entanto, por dois votos a zero, fizemos um breve desvio para comprar mais um pacote de “pastéis de Belém”. Pois foi pouco, muito pouco!!!
Como cada pacote tem seis, eram três pastéis para mim e outros três para a Mary, certo?! Não, errado! Como a Mary tratou de comer dois dos seus pastéis, ficou de olho grande para os meus!
E aí começou a chantagem! Preparar lanchinho durante a viagem? Só em troca de um pastel! Lavar a blusa e as meias ao final do dia?! Idem!!! Olha, ela não conseguiu trocar, mas pelo menos a chantagem acabou valendo umas dentadas extras nos meus pastéis.
Com menos de uma meia hora de estrada, começam a aparecer umas árvores sem casca e numeradas de 0 a 9. É o sobreiro, árvore cuja casca é retirada para dar origem à cortiça. E qual a razão dos números? Para se saber qual o ano em que a casca foi retirada, pois demorará pelo menos 9 anos para que ela cresça e possa ser retirada novamente.
E quem cria sobreiros, igualmente cria porcos. Não um porco qualquer, mas um porco especial, chamado em Portugal de “pata negra”. É dele que se faz os mais caros e saborosos presuntos e salames portugueses e espanhóis (na Espanha o “pata negra” é chamado de ibérico).
Mas qual seria a relação entre o sobreiro e o “pata negra”? É que o “pata negra” é a “galinha caipira” dos porcos. Ao invés de ser criado em confinamento, é solto para pastar entre os sobreiros, comendo a belota, castanha gordurosa fruto do sobreiro, dando uma textura e sabor especial à sua carne. Só quem comeu um delicioso presunto de “pata negra” bem fininho com um bom vinho alentejano, sabe o quão maravilhoso é esse “casamento” de sobreiro com “pata negra”!
Chegando a Évora, fizemos um pequeno desvio para visitar o Cromeleque dos Almendres. Cromeleque?! Bem, o tal Cromeleque dos Almendres é a versão lusitana de Stonehenge que fica escondido no meio do nada, a uns 10km para fora da estrada principal, sendo boa parte em estrada de terra.
Os menires, a maioria do tamanho de um homem, foram dispostos em círculo durante a Idade do Bronze e têm pelo menos 5000 anos de idade. Apesar de alguns menires terem marcas feitas pelo homem, até o momento não se sabe para que tipo de cerimônia serviam. Valeu a pena o desvio que fizemos.
Évora é uma cidade que lembra Óbidos. Pequena, charmosa, toda com casas brancas e com uma economia fortemente baseada no turismo.
Por lá também é forte a indústria do vinho. O Cartuxa, delicioso vinho que é bastante conhecido no Brasil, tem sua fábrica em Évora.
Évora também é conhecida por ter tido uma colonização romana. Dessa fase restaram parte das muralhas da cidade e os restos de um templo.
Mas o que marcou mesmo de Évora foi a Capela dos Ossos, cuja decoração interna foi feita com mais de 5000 crânios, fora os ossos.
Na entrada tem uma inscrição que diz “nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”!
Pode parecer mórbido, mas nos remete à reflexão sobre a fragilidade da vida e sobre o quanto levamos deste mundo no momento da morte.
Dali seguimos para Beja, a caminho de Sevilha. Demos uma breve parada para conhecermos o Castelo de Beja, uma fortificação militar cuja construção iniciou-se em 1248.
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